Os tempos não estão para aventuras. E para quem tem uma cria às costas, menos ainda. Uma pessoa vai vagueando nos sites, em busca da casa perfeita, e quanto mais procura maior é o horror. Primeiro, o preço. Depois - dor, dor! - os azulejos cor de cócó que decoram todas as cozinhas: não, a sério, quem é que achou que aquele verde tom vomitado era apropriado para uma zona de refeições?
Uma pessoa vê 100, 200, 300 apartamentos e só tem vontade de ir cortar os pulsos. Ou de ir roubar um banco.
Ser independente é difícil. Ser independente e ter de assegurar que a nossa filha não vai ser comida por ratazanas mutantes durante a noite é épico. Passados dois dias de muitas fotos e descrições um bocadinho exageradas - "grande vista de mar" significa, geralmente, que se consegue observar meio centímetro de azul se se esticar muito o pescoço - estou de rastos. Todo o entusiasmo de encontrar o futuro lar se esvaiu e ficou apenas aquela frustração horrível de saber que, se quiser mesmo seguir em frente, vou ter de assumir os meus azulejos cor de cócó, o prédio em ruínas a dezenas de quilómetros da civilização e os cogumelos a nascer nas paredes. Posso chamar-lhes "rústicos" ou "tradicionais". E, quanto aos cogumelos.... vá, é como ter uma horta em casa e fome não passamos! (brincadeira... mais ou menos)
Se eu pensar nisto com muiiiita força pode ser que me convença. Daqui a uns dias. Umas semanas, se calhar. Ou uns meses, que eu sou uma pessoa que precisa de algum tempo para mudar de ideias. Mas, nesta altura, só me apetece desligar o computador, deitar a cabeça na almofada e esquecer que me meti nesta história toda...