Saturday, August 25, 2007

Catarse

A minha purificação. Caminhos tortuosos. Essências banhadas de experiências. Inscrevem-se nomes, datas, locais. Há marcas de dias tempestuosos, de vontades vergadas pela força do vento, de arranhões nas verdades inabaláveis.
Lavam-se as certezas adquiridas, e a sua cor tinge as pedras calcadas, como um tecido de má qualidade com que as certezas absolutas se cobrem sempre. Despertam vozes na cidade, gritos de incerto desespero com que assistem àquele que pode ser o seu último pôr-do-sol. Nada é certo, tudo é vago. Nada tenho, quem sou?
Percorrem-se estradas infinitas, poeira que se levanta, incansável, e tolda a vista.
"Tu és só o reflexo de uma miragem alucinada", diz um velho com corpo de árvore, cujas barbas chegam ao solo. "Tu vagueias, nunca chegas. Tu procuras, nunca encontras. Tu desejas, nunca possuis. Tu existes e por isso estás condenada à tua existência disforme, adornada de belas palavras e cores brilhantes, que nunca poderás compreender."

1 comment:

Enolough said...

e no fim saiu purificada.

mulher nova para começar uma nova humanidade :)