Monday, January 07, 2008

Agonia

Do tudo e do nada. Agonia da primeira entrevista, do primeiro contacto, das primeiras palavras. Agonia da hora de entrar e da hora de sair. Agonia que se prolonga pelo dia e que se vai esbatendo com o passar dar horas. Agonia de chegar sempre atrasada, que morre quando dizem que os jornalistas são, por norma, pessoas atrasadas (horariamente, como fiz questão de frisar cá em casa, justificando uma vida inteira de atrasos. Justificação essa recebida com a mesma incredulidade que provocaram as minhas descobertas sobre ser uma criança índigo - com problemas em cumprir horários - e ter o hemisfério esquerdo do cérebro mais desenvolvido - algo que também ajuda aos atrasos).
Passa a agonia e o gosto vai saltitando por entre os momentos de hesitação e gestos que se tornam hábitos. Dar o nome à entrada, lutar contra o rato (do pc), recusar os 30 000 panfletos que me tentam entregar pelo caminho, evitar a piscina que se cria ali, mesmo ao pé da minha secretária. Tudo isso vai se inscrevendo na pele como micro-tatuagem que não se vê.
- Achas que tenho ar de jornalista?
Ao que parece, os jornalistas não têm "ar". Têm caras e bocas como toda a gente e cabelos que se despenteiam e rímel que escorre quando chove e chapéus de chuva que reviram ao vento. Dizem eles, que não percebem nada disto.

1 comment:

Anonymous said...

Hoje qd te vi ao longe, com os óculos, o cabelo escuro apanhado e o casaco branco polar, parecias mesmo uma jornalista a sério! De criança e de indigo é que nem rasto...