Eles não sabem nada de mim, e no entanto gritam o meu nome, as sílabas enroladas nas consoantes como se me diluísse na própria palavra que me nomeia. Eles não sabem nada de mim, porque nunca souberam ver-me. Olharam e acharam que isso era suficiente. Eles nunca me souberam ler e por isso nunca me tiveram, nunca me entenderam. Eu nunca fui desse mundo porque esse mundo nunca soube ser meu. Eles falam em meu nome, do meu nome, pelo meu nome, e no entanto não compreendem que eu sou muito mais que um nome. Sou muito mais que um corpo, uma cara, um estado de espírito. Eu sou um turbilhão vivo, uma noite cerrada em que os segredos se escondem por detrás de cortinas fechadas e estores corridos. Nunca soubeste abrir a janela e deixar entrar a luz da noite, a única luz em que tudo é verdade pura, sólida negridão que se entranha nas veias. Nunca me tiveste. Nunca me conheceste. Nunca soubeste nada de mim...
e no entanto...
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