Não tem lógica absolutamente nenhuma, mas todos – ou quase todos – encaramos a chegada de um ano novo como se de uma vida nova se tratasse. Pensamos em tudo o que pode acontecer, tudo o que queremos fazer acontecer, tudo o que desejamos mudar, alcançar, extinguir ou conservar. É uma simples mudança de dígitos no calendário. Mas ainda assim não há como não fazer um balanço do que foi 2010, como se o pudéssemos encerrar definitivamente e separá-lo do que vai ser 2011. Pedimos dinheiro, saúde, felicidade, amor, trabalho (ai trabalho!), menos peso na balança, menos cigarros… Prometemos que vamos viajar mais, discutir menos, perdoar mais, gastar menos, andar mais, problematizar menos. São resoluções que, regra geral, duram uns dias. Até nos acostumarmos à ideia de que o novo ano já não é novo, é o ano em que estamos e pronto, a vida segue na mesma.
2011 vai ser um ano financeiramente terrível, já toda a gente sabe. Vamos ser torturados com impostos e contribuições astronómicas à segurança social. Provavelmente, aquele vestido lindo de morrer vai ficar na montra, as viagens planeadas não vão sair do mapa. Vão haver momentos tristes, frustrantes… mas 2010 já nos preparou para isso. Nós, os licenciados quase de fresco, a gente dos recibos verdes (a cor da esperança, quão irónico é isto?), nunca fomos propriamente um grupo com imenso poder de compra. E, mais ou menos bem, mais ou menos independentemente, fomos sobrevivendo. E vamos sobreviver. Vai doer? Vai. Mas, se no meio disto tudo, com passinhos de bebé, conseguirmos ir traçando o nosso caminho, vamos ficar bem.
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