Thursday, November 29, 2007
Lolly-Hulk
A antecipação da minha primeiríssima entrevista para fazer alguma coisa (acho que o trabalho no cabeleireiro durante um mês não conta) foi vivida com a intensidade de quem aguarda um furacão capaz de arrancar o telhado à casa. Nervos, ansiedade, uma mistura de pura adrenalina e algum receio de bloquear, tudo isto misturado na minha "cabecinha pensadora" ou, como gosto de lhe chamar, o meu "passe-vite" de ideias.
Procurar na internet formas de relaxar não ajudou em nada, com um site onde referiam os erros mais estúpidos e frequentes que os candidatos a um emprego cometiam quando estão nervosos: entre eles, trocar o singular com o plural, errar na conjugação de verbos e, não estava lá mas quase podia decifrá-lo entre linhas, babar-se como se estivesse em coma. Ora, só isto? Bah, tranquilo!
Foi então que achei que precisava de um calmante. E barafustei cá em casa até o Doutor me dar um comprimido à base de valeriana que, sinceramente, bem podia ser um smartie que devia fazer mais ou menos o mesmo efeito.
O mais incrível foi que, à medida que a hora se aproximava, os nervos iam-se dissipando. E não, não era do calmante que continuo a achar que o doutor substituiu por smarties. Era porque as poucas pessoas com quem tinha partilhado o meu estado de nervos me mandavam mensagens a dizer como acreditavam em mim, e como tudo ia correr bem. E assim, mensagem a mensagem, o coraçãozinho abrandou o seu ritmo, os nervos voaram para longe, e ficou só a vontade de chegar lá e ser capaz.
Cheguei, sorriso no rosto, fui capaz. E voltei com a certeza de que enquanto tiver as mesmas pessoas à minha volta, pode vir o Hulk, o Homem Aranha ou até mesmo o Super Homem, que eu hei de estar sempre à altura ;)
Tuesday, November 27, 2007
O dia das boas acções
Friday, November 23, 2007
Matrioskas
Tuesday, November 20, 2007
Quem disse que a ópera era coisa de velhos? (a música dos arrepios)
Una furtiva lagrima
Negli occhi suoi spuntò... quelle festose giovani invidiar sembrò...
Che più cercando io vo?
M'ama, lo vedo.
Un solo istante i palpiti
Del suo bel cor sentir!..
Co' suoi sospir confondere per poco i miei sospir!...
Cielo, si può morir;
Di più non chiedo.
Inglês
A sullen and secretive tear
That started there in her eye...
Those socialising bright young things
Seemed to provoke its envy...
What more searching need i do?
She loves me, that i see.
For just one moment the beating
Of her hot pulse could be felt!..
With her sighing confounding
Momentarily my sighs!...
Oh god, i shall expire;
I can't ask for more.
(Já percebem a última parte do título, não?)
Monday, November 19, 2007
Já chove
Até que se dissipou o sono, os olhos acostumaram-se ao dia (cinzento, cinzento) e percebi que estava SÓ a chover. A chover como quem usa um eufemismo para "estava a haver um dilúvio". Havia gente na rua praticando as famosas danças tribais do "agarra o chapéu de chuva" e "salta a pocinha" e quase jurava que se olhasse bem ia ver peixinhos a nadar na estrada graças às sarjetas entupidas.
O Natal de mangas curtas não tem piada. Natal é neve (na televisão, claro!), lareira acesa, marshmallows assados (outra coisa que só acontece na televisão), cachecóis branquinhos e peludos (a uma distância segura da lareira), as janelas embaciadas e as luzinhas a brilhar até se fundirem, uma a uma, e não restar mais nada a não ser um fio feio com pendentes estranhos colado aos vidros com fita-cola. (O facto de faltar mais de um mês para o Natal é um pormenor sem qualquer importância no contexto deste post).
Este tempo inspira-me sentimentos contraditórios: uma espécie de alegria caseira, uma vontade de rir sentada no sofá, de olhar para os outros lá fora e agradecer o cobertor por cima das pernas. Calço as galochas floridas e domino o mundo! Eu, aquela que não molha os pés e pode saltar à vontade! Que tem o impermeável e por isso pode dançar à chuva! Que já está constipada de qualquer forma e por isso pode apanhar frio sem medo!
A chuva não me deixa melancólica. Faz-me rir. Faz-me rebolar na cama meia hora antes de me levantar enquanto penso em músicas que envolvam chuva e as canto baixinho, debaixo dos lençóis.
"Este tempo, hum?"
"Estava na altura"
"Ah também é preciso não é?"
"Pois, pois é"
Mas o que eu queria mesmo mesmo era dizer-lhe (ele, o motorista de 60 anos da escola da minha filha): "Let's sing in the rain!", talvez acompanhado da devida tradução caso ele não me entendesse, com os chapéus de chuva a servirem de bengala para fazer os truques dos clássicos do cinema americano tal Gene Kelly.
Friday, November 16, 2007
Pó de talco
Sempre associei o pó de talco a rabinhos de bebés. Isto, claro, antes de ter um bebé e descobrir o Halibut (sem querer fazer publicidade, e por isso refiro também o Mustela vá...).
A verdade é que ser mãe me despertou para algumas questões totalmente novas: para além de me tornar uma pessoa mais consciente dos outros, mais pieguinhas nalguns sentidos e mais forte em tantos outros, também me mostrou que os rabos de bebés representam todo um mercado milionário, uma indústria poderosa que envolve cremes, loções, toalhetes, fraldas e mil e um produtos prontos a fazer do rabinho do nosso bebé pura seda.
(Talvez esteja a conseguir um resultado histórico, com o post em que mais vezes se refere a expressão "rabinho de bebé" em todo o mundo!)
Chega de rabinhos de bebés (pronto, esta foi propositada para ver se o Guiness repara em mim) e voltemos ao assunto que me traz aqui: o pó de talco.
Lá ia eu, atravessando esses labirintos subterrâneos a que chamam metro de Lisboa, quando, ao meu lado, sinto o cheiro inconfundível do pó de talco. E pensei: "mas ainda há gente a usar pó de talco?". Sim, parece que há. Não percebo bem para quê e espero, sinceramente, que não envolva rabinhos.
Com toda a evolução no mercado dos desodorizantes (pérola: axilas perfeitas; invisivel: sem manchas brancas; 24h: secura maxima; flores do campo: pétalas sob o sovaco, e tantos outros!), não acredito que ainda alguém use pó de talco para esses efeitos. E mesmo os pés já têm desodorizantes próprios para eles!
Mas quem sou eu para subvalorizar o pó de talco? Eu, que não sou desse tempo em que o fiel e branco amigo acalmava irritações e se deitava, sem queixumes, junto com a meia fedorenta?!
Assim, numa tentativa de reconciliação com o pó de talco decidi-me a inventariar alguns dos seus usos:
- Cabelo falso de velhinha
- Neve na árvore de natal
- Farinha de brincar (para as crianças)
- ...
e já me parecem motivos suficientes para impedir que este grande dinossauro, o PÓ DE TALCO, entre em extinção.
Salvemos o pó de talco porque, em tempos, ele salvou-nos a nós... e aos nossos rabinhos de bebés!
(tinha de acabar assim. Ganhei?)
Thursday, November 15, 2007
Ok, Stephen, aceito-te de volta :P
Voltei a pegar no "rei" depois de longos anos de divórcio. Depois de ver um filme inspirado numa obra dele. Já não era o terror, era a imaginação que me atraía. Não queria ter medo, não queria ser incapaz de dormir durante a noite. Queria, só e apenas, alguém que fosse capaz de imaginar na mesma proporção que eu. Alguém que me fizesse abrir a boca de espanto e bater palmas no fim.
"A História de Lisey", que acabei hoje de ler, foi o meu reatar com ele. Foi um "desculpa lá aquilo dos contos" e ao mesmo tempo um desafio "vê lá se fazes valer a pena". E ele assim fez. Calou-me as dúvidas e os preconceitos, devolveu-me o desafio com a ponta afiada da caneta: touchè!
Do lago onde todos vamos pescar as palavras, ficou a vontade de pescar sempre a perfeição, doce a infiltrar-se na garganta, e de caminhar um dia pelas praias da minha própria Moo' Ya Moon.
Saturday, November 10, 2007
Menina Rainha
tão segura de ti caminhas
Thursday, November 08, 2007
Karma
Foi levada pela série " My name is Earl" que pesquisei a entrada "karma" no google. Hoje em dia, tudo fala de karma: a já mencionada série, a Alicia Keys na sua música "Karma" (what goes around, comes around, what goes up must come down), e os muitos metafísicos que julgam (melhor, AFIRMAM) perceber todas as linhas deste grande novelo com que se entrelaça o mundo. Depois de muita discussão, incompreensão e acesos debates, decidi informar-me à minha conta, no fabuloso mundo da internet.
O karma é a lógica segundo a qual todos os acontecimentos têm uma justificação que advém das acções do passado, sejam elas desta vida ou de uma vida anterior (eles acreditam na reencarnação). Assim, uma criança aparentemente inocente que seja assassinada por um psicopata estará apenas a pagar por um mal cometido numa vida anterior. Da mesma forma, o psicopata poderá não sofrer nada nesta vida mas sofrerá, de certeza, numa vida futura.
Ao ler isto, tive a imediata sensação de que o homem procura desesperadamente uma noção de justiça que, tantas vezes, não passa de um conceito bonito, ideal e irreal. Alegar que a injustiça nesta vida será compensada numa vida futura não será, só e apenas, uma forma, totalmente disprovida de bom senso, de tranquilizar o espírito?
Não sou uma pessoa religiosa, mas acredito em muitas coisas e tenho aquele tipo de fé em "alguma coisa para além de nós", mas obrigo-me a ser prática e reconhecer que, às vezes, existem de facto injustiças. Sim, há maldade pura. Sim, há coisas que não deviam acontecer. Há acidentes, incidentes, acasos, azares, INJUSTIÇAS. O karma estará mais ou menos na mesma categoria que o julgamento final: não acredito neles. Acredito em ser boa pessoa hoje para ser feliz hoje. Não espero recompensas divinas: sei que se agir bem com os outros isso me deixa melhor comigo mesma e basta-me. Erro, como toda a gente, tento corrigir os meus erros, outros nem me dou ao trabalho de os rever... mas se pagar por eles, acredito que será nesta vida, com aquela coisinha a que se chama CONSCIÊNCIA. Talvez esse karma, esse julgamento final se proceda nos últimos segundos de vida, quando pesamos o que fomos e o que nunca pudémos ser, e nos medimos como pessoas, sabendo que esta foi a única oportunidade que tivémos de nos tornarmos imortais nos outros... ou não.
Wednesday, November 07, 2007
Marktest e RTP2: uma combinação....
É interessante ter alguém que nos liga, pura e simplesmente, para ouvir. No fundo, são uma espécie de muro das lamentações que nos contacta, quinzenalmente: "Então e de que anúncios se lembra?" "Ah, lembro-me daquele da coca-cola, mas sabe, eu nem gosto de coca-cola ahahah! Que engraçado, não é?" "Hum hum muito engraçado... E do slogan recorda-se?". Isto sim, uma boa conversa à moda antiga, em que nós falamos e eles ouvem e, ainda para mais, dão-se ao trabalho de ESCREVER a nossa resposta (ouvem-se as teclas do pc lá atrás, e eles a soletrarem baixinho o que acabámos de dizer), deixando bem claro que o que dissemos foi IMPORTANTE.
Ontem tive uma dessas conversas simpáticas. A senhora não era tão atenciosa como de costume, mas pensei "ora bolas, mesmo o muro das lamentações tem direito a um dia mau" e fiz por animá-la não obtendo, no entanto, resultados muito satisfatórios.
Mas o que me trouxe aqui, de facto, foi o espanto que perpassou numa destas conversas. Falávamos de televisão, e depois de me perguntarem pela SIC, RTP1e TVI lá me perguntaram pela RTP2, quase como por favor, e sem esperar a resposta.
"Sim, todos os dias."
"Como? A RTP2"
"Sim, vejo todos os dias"
"..... E quanto tempo por dia?"
"Hummm uma hora por dia, talvez"
"22 anos?"
"Sim, sim"
"Hum hum", disse ele com algum cepticismo na voz.
Ora, o que eu não expliquei foi que só tenho 4 canais no quarto. Que à noite a SIC e a TVI (esta, por acaso, nunca vejo, nem 5 minutos por dia o que muito surpreendeu o meu interlocutor) só dão novelas e que a RTP1 passa filmes estranhos que me põem a dormir em 3 minutos.
E a RTP2 passa documentários muito giros. Sim, giros mesmo. Não se limita à vida animal (o meu grande trauma, não suporto ver), mas estuda constantemente o comportamento humano! Psicologia, biologia, está lá tudo, de forma divertida e leve, com experiências live para comprovar o que se diz.
Gosto e recomendo. Sinto-me sempre mais culta quando finalmente adormeço e sonho com tubos de ensaio e pessoas com sacos com tubos presos ao rabo O DIA INTEIRO para medir os gases de acordo com a alimentação (sim, isto passou, de facto, na rtp2!). Ou uma experiência em que embebedaram homens e mulheres (saudáveis, com hábitos de bebida considerados normais) com a mesma quantidade de alcoól para verem quem evidenciaria maior nível de alcoolémia no teste do balão (as mulheres ganharam, claro... HIP HIP URRA!). Vejam, é ciência de tu para tu, permite umas quantas gargalhadas ao estilo Jackass e ainda saem com umas frases óptimas para quebrar o gelo: "sabias que uma alimentação rica em vegetais aumenta os níveis de gases produzidos?". Nada mais cativante!
Monday, November 05, 2007
Des-ilusão
Hoje mudo. Olho ao espelho, digo a palavra em voz alta, fixo os lábios que a soletram, devagar: de-si-lu-são. Não me assustas. Não me encolho, não me escondo. Não procuro o interruptor para a encobrir com a escuridão.
A desilusão, essa palavra feia de negação, há-de estar sempre presente na minha vida. Os lençóis serão roídos por traças muito antes que ela desapareça. O segredo não está na não ilusão, não para mim, mas na aceitação: ao longo da vida, a desilusão há-de bater a esta porta muitas vezes, e eu escutarei a sua mão mirrada na maçaneta, forçando a entrada no meu mundo perfeito.
Recusar a ilusão não será um risco bem maior do que o de nos virmos a desiludir? Que ser, tão forte, tão não humano, se poderá recusar a iludir-se durante toda uma vida? E quantos momentos serão perdido em nome dessa segurança idílica? Como num salto de pára-quedas, confio, salto: por momentos, o céu e só ele sob mim, sob a minha barriga, o sorriso deformado pela força do ar que me empurra os músculos para cima. Confio, porque viver sem confiar em ninguém é viver eternamente sozinho. Salto, porque viver eternamente com os pés na terra é renegar o sonho mais antigo do homem. Confiar, é ganhar asas de papel e cruzar os dedos no momento do vôo, pedir que não se desfaçam em pedaços quando estiver mais alta.
Não podemos confiar sempre e em toda a gente, mas, de vez em quando, é bom confiar. É bom dizer a nós mesmos, no mais profundo dos silêncios que é o pensamento, "confio em ti" e fechar os olhos quando nos dizem: vá, tenho uma surpresa, fecha os olhos e abre a mão.
A vida é demasiado curta para fugir da ilusão. Imagino que isso consuma mais energia e esforço do que recuperar da eventual desilusão. Porque, mais cedo ou mais tarde, ela há-de chegar, e, por mais que tentemos, nunca seremos capazes de a evitar sempre..
Salta.
Confia.
Fecha os olhos.
Thursday, November 01, 2007
"Crónica de um Halloween"
*Na foto: (da esquerda para a direita, em cima) Diaba Gótica (Rachel, minha companheira Chef e co-organizadora desta noite fantástica!), Golden Witch (a minha Niky que pela primeira vez jogou como minha opositora no jogo da mímica e me irritou por pensar exactamente da mesma forma que eu!! Acho que 12 anos fazem destas coisas...:P), Diabinha Trapalhona (Dee, que garantiu que não era nada desastrada mas conseguiu deitar tudo abaixo lol... não faz mal,estás perdoadíssima ;)), Bebé Cadáver (Gui, a minha filha assassinada com o saca-rolhas que lhe espetei na cabeça antes de eu mesma ser assassinada pelo meu noivo... e acham o guião confuso? não reclamem comigo, não fui eu que escrevi!), Samara (Drinha, também conhecida como Samantha nesta noite, que se andava a contorcer pelos cantos e a pedir Sagres com vozes esquisitas), Bruxa pálida (Raquel, sempre com o seu ar matador nas fotos... ;) chegaram tarde mas marcaram presença!), Bruxa da Coca-Cola (Sonya, a única pessoa que conheço que consegue fazer um bolo delicioso juntando coca-cola, que detesto, côco e leite condensado! Nota 21!);
(em baixo) Noiva Cadáver (por acaso nunca vi aquela gaja na vida... :P eu, com a faca espetada na cabeça e o sangue que ao fim da noite já se colava aos cabelos e começava a irritar ligeiramente), Bruxa morta ou um bocadinho para o podre (Mana Jo, brilhantemente maquilhada, tava lindaaaa mesmo!) e Noivo AKA Morte AKA bruxa da branca de neve com bigode (Mary Jane, sempre animada e interventiva, uma habitué destes serões).
No fundo, bastava dizer que na foto estão as minhas AMIGAS, umas de anos, outras de meses, mas todas muito importantes para mim. É porque acredito que são as pessoas que fazem os sítios que sei que a festa não poderia ter corrido melhor ;)