Sunday, April 15, 2007

Confusão mental (piloto automático)

Detesto que assim seja. Bloqueio criativo, teclas que se suicidam e arrependem segundos antes da queda. Sim, li que, de acordo com um estudo feito a partir de pessoas que se tentaram suicidar atirando-se de um qualquer ponto alto, quase todos os suicidas se arrependem durante a queda. Quase todos os suicidas desejam voltar atrás, e percebem que todos aqueles problemas que os levaram ao suicídio não tinham, na realidade, importância nenhuma. Que tudo tem solução. Li isso, mas não me lembro onde... (é comum isso acontecer...a memória armazena a informação importante e descarta aquilo que julgamos menos útil... Dei isso em psicologia, lembro-me!)
Quero escrever e o botão de apagar sempre activo, as letras que enchem e desaparecem do ecrã. Antes a caneta, para deixar vestígios dessas palavras idas! Que nos resta senão a memória? Não sei se já escrevi sobre isso... não me lembro. Sei que já queria escrever sobre isso, talvez me repita então. O que nos resta, no fim da vida, senão a memória do que já foi? Senão a certeza do que vivemos? Não quero apagar estas palavras, pôr-lhes fim talvez, mas não exterminar qualquer vestígio da sua existência.
Existi, um dia! Fui, um dia. "Ego fui quod tu es, tu eris quod ego sum"- Fui o que és, serás o que sou, diziam os túmulos. Esquece a minha existência e condena a tua própria vida ao esquecimento.
Imortalidade, fotografias, filmes... Pedaços de vida guardados como tesouros. Eu, ontem. Eu, hoje, um agora que não se consegue agarrar nunca. Eu, carne, sangue, osso, Eu, espírito, alma, vontade. Um sorriso congelado numa fotografia. Mil lágrimas que nunca serão preservadas em álbum nenhum. Vidas perfeitas, registadas, recordadas, dizem-nos "Foste feliz. Vê quantas vezes sorriste, quantos momentos de pura felicidade viveste", manipulas a tua própria memória numa tentativa desesperada de achar que foste feliz sempre. Serás feliz para sempre. Arroz sobre os noivos que se separam meses depois. Fotos do casamento, fotos do segundo casamento... ausência de recortes do intervalo. Faz pose para a câmara, congela esse momento que te fotografa a alma, sorri sempre e engana o mundo, engana os outros, engana-te a ti mesma.

Mas só poderás ser verdadeiramente feliz se te lembrares que, um dia, não tiveste vontade de sorrir.

3 comments:

Anonymous said...

laurintia.. adoro o q escreves! as vezes:P **

Ale said...

amiga, há algo q não bate certo nesse estudo q leste nesse sitio em que não te lembras... se os suicidas só se arrependem já em processo de queda, como é que os estudiosos sabem que eles se arrependeram?

Lolly said...

Oh xanete, eles fizeram esse estudo a partir de pessoas k se tentaram suicidar m k sobreviveram à keda..lol duhh!