Tuesday, April 10, 2007

Saudades de ontem

Sete anos. E eu, espantada e revoltada, com um tempo que passa sem que o consiga agarrar, mais uma vez apanhada de surpresa pelo calendário que insiste em provar-me que estou errada. Quem me conhece sabe bem a aversão que tenho pelo tempo. Pelo contar do tempo. Pelo tempo que se conta pelos relógios, pelas agendas. Esse tempo que não tem misericórdia e avança a seu prazer, sem nunca se preocupar se estamos prontos ou não.
O tempo que te roubou de mim, quando, se calhar, ainda não era o teu tempo. Sei que o meu tempo não estava de acordo, mas o tempo dos homens não quis saber disso.
"Sete anos?!", pergunto, estupefacta, ao papel que me confronta, pendurado na parede. Faço as contas, refaço-as, e o resultado é inegável, porque eles dizem que os números não mentem nunca. Mostram-me as fórmulas, e os dados. Mostram-me fotografias em que o meu corpo era diferente, duma altura em que não me lembro de ser assim, onde tu (ainda) estavas presente. "Vês, o tempo passou". Mas eu não o senti. O sol nasceu e pôs-se 2555 vezes desde a última vez que te vi. 61320 horas separam o momento em que me despedi de ti e o agora em que escrevo. Mas eu não as senti passar.
E parece que ainda ontem corria para ti, para te abraçar... Por isso, tenho saudades, mas de ontem.

No comments: