Monday, April 30, 2007

Dia de bola

Chegamos de cachecol verdinho ao pescoço, o café já a transbordar de gente. Uns aplaudem, outros nem por isso, mas o ambiente ainda está bom, o jogo não começou. Cervejas, muitas: na mesa, ao balcão, de pé, encostados à parede. Não bebo cerveja, limito-me a esfumaçar cigarros em fila indiana. KAMIKAZEEEE grita o próximo quando lhe faço explodir a cabeça. Ai, e o golo tão cedo e a alegria precoce... e o empate ali mesmo ao lado. Ouvem-se protestos de ambos os lados, verdes e vermelhos consideram-se roubados: só concordam quando se diz que o árbitro foi comprado. "Mais uma imperial" é a frase da tarde, talvez apenas equiparada pelos "Ai"s e "Ui"s que vão sendo gritados de mesa em mesa.
Final do jogo, abanamos a cabeça. "Podia ter sido melhor", comentam uns com os outros, que em caso de empate fica tudo entre amigos.
O café que abriu excepcionalmente para o derby começa a fechar as persianas. Sinal de que é hora de sairmos. Pagam-se contas, ri-se. Levo o meu cachecol na cabeça para me proteger da chuva.

"Paris, Paris...", comento, sentindo-me uma espécie de Grace Kelly.
Olho para trás e vejo um sorriso maléfico ao balcão: claro, o gajo do café é dragão....

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