Thursday, December 30, 2010

Simple.

Nós vamos ficar bem

Não tem lógica absolutamente nenhuma, mas todos – ou quase todos – encaramos a chegada de um ano novo como se de uma vida nova se tratasse. Pensamos em tudo o que pode acontecer, tudo o que queremos fazer acontecer, tudo o que desejamos mudar, alcançar, extinguir ou conservar. É uma simples mudança de dígitos no calendário. Mas ainda assim não há como não fazer um balanço do que foi 2010, como se o pudéssemos encerrar definitivamente e separá-lo do que vai ser 2011. Pedimos dinheiro, saúde, felicidade, amor, trabalho (ai trabalho!), menos peso na balança, menos cigarros… Prometemos que vamos viajar mais, discutir menos, perdoar mais, gastar menos, andar mais, problematizar menos. São resoluções que, regra geral, duram uns dias. Até nos acostumarmos à ideia de que o novo ano já não é novo, é o ano em que estamos e pronto, a vida segue na mesma.

2011 vai ser um ano financeiramente terrível, já toda a gente sabe. Vamos ser torturados com impostos e contribuições astronómicas à segurança social. Provavelmente, aquele vestido lindo de morrer vai ficar na montra, as viagens planeadas não vão sair do mapa. Vão haver momentos tristes, frustrantes… mas 2010 já nos preparou para isso. Nós, os licenciados quase de fresco, a gente dos recibos verdes (a cor da esperança, quão irónico é isto?), nunca fomos propriamente um grupo com imenso poder de compra. E, mais ou menos bem, mais ou menos independentemente, fomos sobrevivendo. E vamos sobreviver. Vai doer? Vai. Mas, se no meio disto tudo, com passinhos de bebé, conseguirmos ir traçando o nosso caminho, vamos ficar bem.

Thursday, December 23, 2010

Habituem-se

Se voltasse atrás, não tirava comunicação. Pelo menos é nisso que gosto de acreditar. Tinha estudado qualquer coisa com números e símbolos e com um título pomposo cheio de termos desconhecidos que desse um ar importante e um lindo diploma. Tinha estudado para construir vaivéns espaciais, para descobrir civilizações perdidas, para curar a sida ou desenhar uma máquina capaz de fazer chover caramelo.

O jornalista, no geral, é desdenhado. Tirou um cursinho onde aprende a escrever. Como se escrever não tivéssemos todos de saber! É juntar umas letras, colar umas sílabas, um corte e costura de palavras e já está. Ninguém – ou quase ninguém – quer saber se o jornalista estudou semiótica, pragmática, sistémica, cultura pré-pós e moderna, tecnologias da informação, lógica, sociologia, filosofia, história da imagem. Para a maioria do mundo, o jornalista é um caso menor, produto de jovens sem grandes talentos que investiram uns anos na faculdade para poderem dizer que têm um curso. “Jornalismo podes sempre fazer na mesma, mas tira outro curso”, ouvi tantas vezes pais preocupados dizerem aos filhos. E eu entendo – sou a primeira a dizer à minha filha, futura professora de dança/jornalista, que fuja, depressa, que isto se agarra e cola e cansa e esmaga e vicia e um dia, sem a pessoa dar por isso, já se infiltrou no corpo e não conseguimos deixar esta vida mal paga, mal vista e estupidamente recompensadora quando finalmente vemos chegar à banca, em papel brilhante e perfeito, os caracteres que nos custaram o suor, as lágrimas e, por vezes literalmente, o sangue.

Mas, pais, lamento dizer-vos, jornalismo não é uma coisinha que se faça assim porque achávamos piada ao Clark Kent e à Lois Lane quando éramos pequeninos. Isto nem sempre se escolhe – muitas vezes, escolhe-nos a nós. Eu nunca quis isto e passados 3 anos ainda aqui ando, a lamentar-me, a queixar-me que desta é que é, vou-me deixar disto, desta vida sem certezas, como uma drogada agarrada demais para conseguir largar o vício. O jornalismo é um vício de curiosos: a nossa vida é estudar o mundo, os outros, pegar nessa confusão de informação, descodificá-la e recodificá-la novamente. Num dia sabemos tudo o que há para saber sobre os deuses hindus, no outro andamos a devorar artigos de neurologia. É isto que nos dá “pica” e que, no fim de contas, nos faz voltar ao computador depois de cada fecho.

No fim do ano, quase a completar 3 anos disto, gosto de pensar que se calhar, se voltasse atrás, não tinha tirado comunicação. Que isto foi um erro de percurso e que, mais tarde ou mais cedo, acabo por fazer uma coisa de nome pomposo, um emprego a exigir farda e saltos altos e óculos de massa, um salário gordo ao fim do mês com horários fixos e uma data de privilégios assegurados. Mas, até lá, só funciono com a adrenalina do caracteres a correr dentro de mim. A juntar estas sílabas. Sou jornalista. Habituem-se.

Tuesday, December 14, 2010

Por mais ridículo que seja

ainda não sei responder à pergunta do que quero ser quando for grande...

Wednesday, December 08, 2010

Os meus livros precisam de novo habitat!


(Jordi Mila)



(Rainer Mutsch)

(Pieter de Leeuw)








Saturday, December 04, 2010

....... estou com dificuldades em dar um título a isto

"Mesmo que a conduta do marido seja censurável, mesmo que este se dê a outros amores, a mulher virtuosa deve reverenciá-lo como a um deus. Durante a infância, uma mulher deve depender de seu pai, ao se casar de seu marido, se este morrer, de seus filhos e se não os tiver, de seu soberano. Uma mulher nunca deve governar a si própria."
Leis de Manu (Livro Sagrado da Índia)

"A mulher que se negar ao dever conjugal deverá ser atirada ao rio."
Constituição Nacional Suméria (civilização mesopotâmica, século (XX A.C.)

"Quando uma mulher tiver conduta desordenada e deixar de cumprir suas obrigações do lar, o marido pode submetê-la à escravidão. Esta servidão pode, inclusive, ser exercida na casa de um credor de seu marido e, durante o período em que durar, é lícito a ele (ao marido) contrair novo matrimónio"
Código de Hamurábi (Constituição Nacional da Babilônia, outorgada pelo rei Hamurábi, que a concebeu sob inspiração divina, século XVII A.C.)

"A mulher deve adorar o homem como a um deus. Toda manhã, por nove vezes consecutivas, deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe:
Senhor, que desejais que eu faça?"
Zaratustra (filósofo persa, século VII A.C.)

"As mulheres, os escravos e os estrangeiros não são cidadãos."
Péricles (político democrata ateniense, século V A.C., um dos mais brilhantes cidadãos da civilização grega)

"A mulher é o que há de mais corrupto e corruptível no mundo."
Confúcio (filósofo chinês, século V A.C.)

"A natureza só faz mulheres quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um homem inferior."
Aristóteles (filósofo, guia intelectual e preceptor grego de Alexandre, o Grande, século IV A.C.)

"Que as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar. Se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos."
São Paulo (apóstolo cristão, ano 67 D.C.)

"Os homens são superiores às mulheres porque Alá outorgou-lhes a primazia sobre elas. Portanto, dai aos varões o dobro do que dai às mulheres. Os maridos que sofrerem desobediência de suas mulheres podem castigá-las: deixá-las sós em seus leitos, e até bater nelas. Não se legou ao homem maior calamidade que a mulher."
Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos, escrito por Maomé no século VI, sob inspiração divina)

"Para a boa ordem da família humana, uns terão que ser governados por outros mais sábios que aqueles; daí a mulher, mais fraca quanto ao vigor da alma e força corporal, estar sujeita por natureza ao homem, em quem a razão predomina."
São Tomás de Aquino (italiano, um dos maiores teólogos católicos da humanidade, século XIII)

"Inimiga da paz, fonte de inquietação, causa de brigas que destroem toda a tranquilidade, a mulher é o próprio diabo."
Petrarca (poeta italiano do Renascimento, século XIV)

"O pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia."
Lutero (teólogo alemão, reformador protestante, século XVI)

"As crianças, os idiotas, os lunáticos e as mulheres não podem e não têm capacidade para efetuar negócios."
Henrique VII (rei da Inglaterra, chefe da Igreja Anglicana, século XVI)

"Enquanto houver homens sensatos sobre a terra, as mulheres letradas morrerão solteiras."
Jean-Jacques Rousseau (escritos francês, precursor do Romantismo, um dos mentores da Revolução Francesa, século XVIII)

"Todas as mulheres que seduzirem e levarem ao casamento os súditos de Sua Majestade mediante o uso de perfumes, pinturas, dentes postiços, perucas e recheio nos quadris, incorrem em delito de bruxaria e o casamento fica automaticamente anulado."
Constituição Nacional Inglesa (lei do século XVIII)

"A mulher pode ser educada, mas sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à filosofia e algumas das artes."
Friederich Hegel (filósofo e historiador alemão do século XIX)"

E a MELHOR de todas...

"Quando um homem for repreendido em público por uma mulher, cabe-lhe o direito de derrubá-la com um soco, desferir-lhe um pontapé e quebrar-lhe o nariz para que assim, desfigurada, não se deixe ver, envergonhada de sua face. E é bem merecido, por dirigir-se ao homem com maldade de linguajar ousado."
Le Ménagier de Paris (Tratado de conduta moral e costumes da França, século XIV)"




Copiado daqui com medo, muito medo.

Thursday, December 02, 2010

E de repente apercebi-me:

Faço aquilo que sempre quis




Mesmo que às vezes me esqueça disso.