Monday, August 29, 2011

fim-de-semana

O que o Ikea não informa é que, uma vez chegados a casa, temos de prender 82 flores de papel, uma a uma, do topo do escadote, com o candeeiro já pendurado no tecto. Tirando isso, é fofinho e fica mesmo bem na minha sala.





Monday, August 22, 2011

Temos uma casa

Despedi-me dos meus pais como se estivesse a partir para a guerra. Sou uma menina dos papás, é verdade. Abracinhos, lágrimas, ai meu deus, ai meu deus... Agora, está feito. Não há volta a dar. Tenho o meu nome numa mão cheia de contratos que existem em duplicado. A mobília já está toda montada, a casa já cheira a casa e até já lá cozinhei arroz. Para tornar a coisa ainda mais oficial, o Douradinho e o Pintinhas já nadam alegremente no aquário, sinal de que esta é, definitivamente, uma casa habitada, com moradoras responsáveis que não deixam morrer os animais à fome (a ver vamos).
Faltam candeeiros, tapetes, cortinados. Faltam recordações àqueles cantos meios despidos. Vamos habitando e espetando pequenas bandeiras, aos poucos. Ali foi onde a cria espetou o pau de Mikado na mão. Olha, ali foi onde comemos o fondue com pedaços de sangue (não queiram saber). E ali foi onde o chuveiro entrou em colapso e desatou a atirar água num ângulo de 360º. É bonito. Temos uma casa.

Sunday, August 14, 2011

Who's your mommy?

Quando decidi sair de casa, achei que devia deixar a cria escolher o quarto. Seria uma forma de a entusiasmar com o projecto e minimizar o sofrimento de a afastar dos avós, da tia e do gato, com quem vivemos até agora.

Ideia estúpida, claro. Porque, ao contrário de mim, ela não é nada estúpida e escolheu o quarto maior, cheio de sol. Então, enquanto eu me encosto à parede do meu quarto, em desespero, a tentar perceber onde vou enfiar os móveis, ela brinca no meio do sol, os cabelos a refulgir com a luz, e deita-me a língua de fora.

- Amor, não queres trocar de quarto?
- Não!
- Mas tu não precisas de...
- Não, mamã! Disseste que eu podia escolher.
- Pois... Mas, sabes, a minha mobília é tão grande...
- Não.

Lembrem-me lá quem é que manda em casa?...


Friday, August 12, 2011

Inspecção ao gás OU como eu descobri que estive a um passo do fim

-Pois, está a ver, isto é como se se fechasse numa garagem com o carro ligado.
- Hum, hum...
- A ligação em T impede que o monóxido de carbono passe.
- Ah!
- E o esquentador também deve fazer pequenas explosões de vez em quando.
- Explosões?
- Sim, não vê aqui a porta queimada?
- .... Explosões?
- Não se preocupe. Diga ao proprietário que tem de chamar alguém para vir afinar isto.
- Ah, está bem, está bem, obrigada!

Conclusão: na próxima casa só se usa electricidade. Ponto.

Habemus lux!!


Thursday, August 11, 2011

Bad ideas

Tenho mais de uma centena de livros, à vontadinha. Estranhamente, sempre me pareceram poucos – houve sempre aquela ânsia de conseguir uma biblioteca sobre a cabeceira da cama, prateleiras e mais prateleiras cheias de folhas de papel a cheirar a tinta e a tempo – até hoje. Porque empacotar – que é como quem diz ensacar – uma centena de livros não é fácil. Menos ainda em Agosto, com trinta graus e uma brisa que, pura e simplesmente, não corre. Confesso: alguns daqueles livros poderiam bem ser deixados para trás. Nunca mais vou ler metade deles. Uns, nem me lembrava que os tinha. Outros, deixei-os a meio: nunca acabo os livros de que não gosto, por lição de uma professora de português que me garantiu que, ao fazê-lo, mataria a paixão pela leitura. Há ainda uns quantos que nunca li nem vou ler, é certo. Mas custa-me deixá-los assim, ao abandono, sozinhos nas estantes despidas… Por isso, vou ensacando. Já sei que me vou arrepender quando tiver de arcar com eles ao longo de dois andares sem elevador: parece pouco, mas experimentem fazê-lo com 20kg de livros em cada mão. E isto são só os meus, porque também há os da cria, dezenas deles, que precisam de ser carregados com o mínimo de dignidade e sem dar a entender aos vizinhos que estão a assassinar alguém nos degraus.

São os livros. Falta tudo o resto. Tudo. Tudo. E de cada vez que penso nisso apetece-me comprar uma passagem aérea para uma ilha tropical e esconder-me lá até que alguém se lembre de mim. Alguém como, por exemplo, as companhias do gás, água e luz, que cobram uma fortuna (exceptuando a EDP) para fazer um contrato e inspeccionar as instalações. Arrrrrgh! Afinal, porque é que alguém quer mudar de casa, explicam-me?


Ps- o momento alto do meu dia consistiu em girar a torneira e ver sair água. Pareceu-me algo digno de figurar num almanaque de milagres. Aplaudimos, gritámos, demos pulinhos de alegria. Sim, é neste estado que estamos.