Friday, October 28, 2011

Olhando lá para fora

ninguém diria que, há dois dias, um barco foi lançado do mar para o meio da marginal, o aeroporto de Faro foi esburacado por um mini furacão e as estradas de Oeiras se percorriam bem melhor a remos.

Mas é verdade.
Até há bem pouco tempo, eu não podia imaginar como é complexo o mundo das limpezas domésticas. Para mim, uma vassoura, uma pá, uma esfregona e um paninho amarelo eram a base desta ingrata actividade que, com grande alegria, deleguei na minha empregada, uma vez por semana. Ora, não podia estar mais enganada! Aparentemente, o papel de cozinha não pode ser o do continente porque deixa pelos! Pelos! Suja mais do que limpa, garante-me ela. Mas é o mais baratinho e, por isso, temos pena mas vamos ter de levar com pelos durante mais uns tempos... Ontem, fui comprar um espanador e um limpa-móveis (sim, existe mesmo um produto chamado limpa-móveis). O espanador foi rapidamente humilhado, enxovalhado e remetido para a categoria de "brinquedo": eu sei que um pauzinho com penas cor de rosa não inspira grande profissionalismo mas era o que por lá havia e, dada a manifesta urgência de possuir este instrumento, como podia não o trazer? O limpa-móveis, sob o meu olhar assustado e antecipando um "isto é veneno! derrete os móveis!!", lá passou a inspecção.

Uff! Para a semana há mais....

Thursday, October 27, 2011

Dona Teresa

Um dia qualquer cuja data certa não consigo recordar. Não dá nada de jeito na televisão - não, em nenhunzinho dos 30 e poucos canais que, vai-se lá saber como, eu recebo de graça em casa. Eu, enrolada na minha manta de pelinho que finalmente começa a deixar de cheirar a naftalina, com a chávena de chá ali ao lado, estou nas minhas sete quintas. E eis que, parando na Casa dos Segredos por uns meros 45 segundos, ele me diz logo, com um esgar de puro horror:

- Se deixas isso aí saio já de casa!

Se fosse um programa de maus-tratos a velhinhas, ainda vá... Uma reunião do Ku Klux Klan, pronto... Mas, aparentemente, a Casa dos Segredos marca aquele limite da moral, da decência e de mais qualquer coisa, abaixo do qual ele não consegue sobreviver.

Thursday, October 06, 2011

Este país não é para quem tem cartão de cidadão

Se calhar vocês não sabem, mas quando fazemos o Cartão de Cidadão recebemos uma carta em casa com uma data de números – os PINs – que nos permitem ir levantar o respectivo cartão à conservatória. O que eles não nos dizem é que aquilo não é “para guardar”, simplesmente. Não, aquilo tem de ser protegido com a vida, devemos usar o corpo para o proteger de chuva ou balas, se necessário, porque na verdade o que nos deviam dizer é: “Guarde isso no cofre do banco ou está bem fodida”. Pronto, a verdade é esta. É que, Deus vos livre de tal mal, mas se perdem os códigos, não há outra solução senão fazer um cartão novo. Recuperar PINs? Qual quê?! Faz muito mais sentido enviar-nos de novo para as filas, tirar fotos, descalçar, medir, preencher cada numerozinho outra vez. Faz, não faz? Nem por isso, mas é assim que se passa. Outra coisa engraçada é que quando temos Cartão de Cidadão, se quisermos utilizá-lo para alguma operação online não basta inserir o número e os PINs… Não, isso era demasiado simples e simples é coisa que não assiste a este país. Vai daí, toca tudo a comprar uma máquina de leitura do Cartão de Cidadão, que isso é que dá dinheiro – não a nós, claro, mas isso são pormenores que não interessam.

Se eu podia viver sem cartão de cidadão? Podia, e era bem mais feliz!