Friday, March 30, 2007

Quando o Poetry em RAP era mais que rimas

The Rose That Grew From Concrete
Did you hear about the rose that grew
from a crack in the concrete?
Proving nature's law is wrong
it learned to walk with out having feet.
Funny it seems, but by keeping it's dreams,
it learned to breathe fresh air.
Long live the rose that grew from concrete
when no one else ever cared.
Tupac Shakur

Ex-Factor

Ex namorados: uma sina.
Não há quem não os tenha, ou, pelo menos, são raríssimos aqueles que acertaram (ou julgaram acertar) à primeira. Os "exs" são como os tijolos que usámos para chegar ao telhado, ou os degraus da escada que subimos para poder atingir o sol... (hoje estou muito dada a obras..) É com as relações falhadas que aprendemos e, só por isso, valem a pena as crises de choro, os momentos de "OH MUNDO CRUEL", as noites em que temos a certeza que nunca mais vamos ser felizes e as tardes passadas a olhar para a chávena de café vazia a tentar ler as borras e descobrir se algum dia haverá retorno. Com o tempo, olhamos para trás e não conseguimos deixar de sentir ternura por aqueles momentos, de pura ingenuidade, em que achámos que o nosso mundo se resumia àquela pessoa. E surge mais uma lição e, de um momento para o outro, somos pessoas maiores.
Só que os "Exs" não existem apenas para nos ensinar, mas também, em muitos casos, para nos aterrorizar a vida. Quantos de nós não "fugiram" já de um ex, encontrado por acaso, para não termos de falar com ele/ela? (Vá, sejamos sinceros!). Se há aqueles que nos sabem deixar de cabeça erguida, também existem os outros que prometem fazer a nossa vida um inferno e a quem a rejeição transforma em pessoas extremamente assustadoras. Ou extremamente chatas e melosas, também pode acontecer. Vi há pouco tempo "A minha super Ex", com a Uma Thurman, e o meu pensamento-síntese em relação ao filme foi "Eu conheço pessoas que sem super poderes nenhuns conseguiam ser ainda piores!".
Claro que, às vezes, também podemos ser nós a desempenhar o papel do ex psico... acontece, são coisas da vida. Se, por acaso, se sentirem tentados a adoptar esse tipo de comportamento, por favor batam com a cabeça 3 vezes na parede enquanto gritam "NÃO ME VOU DEIXAR DOMINAR POR ISTO!! SAI SATANÁS!". Acreditem que, mais tarde, um eventual galo na cabeça será bem menos penoso que a recordação das figuras tristes que podiam ter feito.

E tenho dito!

Thursday, March 29, 2007

I said I'd be back, baby!

E estou de volta. Antecipei as minhas férias da Páscoa com aquela convicção de que a vida é mais que discursos num auditório, e que o mundo tem muito para nos ensinar. E com a certeza de que guardaria recordações bem melhores de quatro dias de férias com amigas do que de quatro dias de aulas. E não é que acertei?
Foram quatro dias sem tempo, daqueles em que o relógio parece estar sempre errado, e os ponteiros constantemente adiantados. Dias sem pressas nem confusão, daqueles que fazem falta de vez em quando, mas que nem todos, infelizmente, podem ter. Responsabilidades, sobrevivência, horrores da vida adulta.
Trocaram-se opiniões, experiências, pontos de vista e conhecimentos. Guardaram-se pequenos apontamentos no bloco de notas que é a memória. E, de repente, aprendi um pouco mais, cresci mais um bocadinho, conheci algo novo e vi o mundo, mais uma vez, com um filtro de cor diferente, como um papel de rebuçado colorido que pomos à frente da câmara no momento de fotografar.
Chego a casa e encontro uns quantos mails sobre frequências, notas, ofertas de estágio... Encontro as pessoas que se identificam por números e se medem por médias, e, então, sei que não encaixo bem neste quadro, mais ou menos como o tigre que salta da boca do peixe que escapa da romã de Dali.
However... no man is an island.



Friday, March 23, 2007

Palavras que passam

"Tirem-me para sempre a luz de Lisboa;
Tirem-me as encostas do Douro, o Tejo e o Alentejo;
Tirem-me a calçada dos passeios, os azulejos da parede;
Tirem-me tudo isto, mas não me tirem o gosto,
porque se eu ainda for capaz de saborear com todos o bacalhau a nadar no azeite,
serei capaz de dizer, se não me tirarem a fala:
-Estou em Portugal!"


(anúncio do azeite Galo)

Wednesday, March 21, 2007

À noite...

Num carro sem rádio, esta tem sido a banda sonora das últimas noites...Há alguma coisa nesta música ;)



Confesso.

Monday, March 19, 2007

Aos que ousam

Admiro aqueles que levantam a cabeça, mesmo quando a chuva lhes bate nos olhos.
Admiro aqueles que sorriem, mesmo quando o mundo os faz duvidar.
Admiro aqueles que sonham, mesmo quando a noite já vai longe.
Admiro aqueles que insistem, mesmo quando os outros gritam que é impossível.
Admiro aqueles que lutam com palavras, mesmo quando os outros os desafiam com armas.
Admiro aqueles que sabem ouvir, mesmo quando têm muito a dizer.
Admiro aqueles que constroem castelos de areia, mesmo sabendo que a maré os levará.
Admiro aqueles que procuram, mesmo quando julgam saber o caminho.
Admiro aqueles que vivem, mesmo quando o mundo os pressiona a sobreviver.

Admiro os que partem relógios, fazem arte do lixo e cantam poesia. Admiro os amarelos, os azuis, os vermelhos e os verdes que se destacam do cinzento. Admiro os que procuram a liberdade em cada momento da vida, que criam a sua própria língua, que desenham palavras nos blocos de notas.
São os que ousam esticar as asas e rasgar os céus.

Friday, March 16, 2007

Eu quero. Ou melhor, eu exijo!

Quero uma casa numa praia deserta.
Quero um tapete mágico para poder voar por aí, e ir assustar as pessoas batendo às janelas.
Quero um submarino para poder procurar a Atlântida.
Quero uma pá automática para poder cavar um buraco depressa quando encontro alguém de quem não gosto.
Quero um arco-íris portátil para trazer na mala nos dias mais tristes.
Quero uma máquina de fazer algodão doce, para subornar a minha irmã sempre que for preciso.
Quero um telecomando universal incorporado na ponta do dedo, para não ter de andar sempre à procura dele.
Quero uma escada rolante de bolso, para quando vou passear pelas montanhas.
Quero uma cabrinha chamada Heidi para a levar comigo nesses tais passeios pelas montanhas.
Quero uma caixa com todos os perfumes que existem no mundo, para poder cheirar os sítios que nunca irei conhecer.

Eu quero, eu quero, eu quero!! (bato com os calcanhares três vezes, mas nada acontece. Lá está, era bom ter paciência...)

URGENTE - CARTA À CEGONHA

A paciência é uma daquelas virtudes que a minha mãe se esqueceu de meter na lista, quando mandou a carta à cegonha. É, aliás, uma das virtudes que mais lamento não possuir. Porque quando se tem paciência, tem-se o mundo. Eventualmente, ele chegará, só temos é de esperar por ele.
Mas eu não gosto de puzzles, não gosto de tarefas que incluam linhas e agulhas, não gosto de amuos, não gosto de esperar pelos outros, não gosto de cozinhar em lume baixo nem de matar tempo.
Por isso, querida cegonha, se me estás a ler, atira uma boa dose de paciência cá para baixo, para ver se ainda vou a tempo de a apanhar. Ou então cria uma doença qualquer, pacienciozite, que eu vou já para os transportes públicos pôr-me debaixo dos espirros...
É que, ultimamente, ando mesmo a precisar!

Wednesday, March 14, 2007

LOL




LOL = laugh out loud = aquilo que acontece sempre que nos juntamos, sem motivo nenhum em especial, sem tema de conversa definido, sem lugar marcado nem horas estabelecidas.

Sentamo-nos no carro e dissertamos sobre a vida, a morte, e cavalos. É importante haver alguém assim, a quem podemos dizer os maiores disparates sem que apague o nosso número da lista telefónica. Alguém a quem podemos cantar a música do cavalinho e que, em vez de nos pedir silêncio, nos ajuda a compôr um futuro hit musical. Alguém que consegue comer 5 pacotes de bolacha de seguida, sem beber uma única pinga de água, e depois nos pede para vermos as bochechas cheias de bolo alimentar. Alguém que ainda invoca os desenhos animados da Carrinha Mágica (Magic Schoolbus) para confirmar teorias. Alguém que nos ouve dissertar sobre cenas, planos, enquadramentos, campos e contra campos, e só no fim é que admite que não percebeu nada, mas que achou por bem deixar-nos falar. Alguém que está apaixonado por uma personagem fictícia e que, mesmo assim, dialoga com ela em voz alta (sem querer apontar o dedo, é ruivo, vive em Miami, investiga crimes.....). Alguém que assume o papel de serva de vez em quando e nos carrega as malas enquanto fala russo (ainda que não passe do "Dah", "Vodka" e "Perestroika"). Alguém que procura e persegue pessoas de carro connosco (não que já o tenhamos feito, é apenas uma hipótese!) enquanto nos enfiamos debaixo do banco para não sermos vistas (que disparate! como se algum dia isso pudesse acontecer MESMO!). Alguém que recebe a nossa flor de papel colada a uma palhinha de sumo e nos diz "Que giro!" (sim, isso é amizade!). Alguém que passa quase uma hora a tentar construir com as iniciais EPL um título brilhante. Alguém que nos vem buscar e trazer a casa no Xavi, o carro mais badalado de Oeiras, sempre bem preparada com água e bolachas, o que constitui um repasto de rei a partir da meia noite.


"Querida, antes sofrida que mal vestida!" Jamais, Salomé!

Tuesday, March 13, 2007

De bem com o mundo

Já sentia saudades de tapar discretamente o nariz com a gola do casaco, no metro à hora de ponta. Aquele gesto delicado de empurrar a mulher que insiste em tentar passar-nos à frente para conseguir o único lugar sentado vazio, devorar as páginas de um livro para evitar olhar para o gajo com cara de maluco que nos fixa com olhos esbugalhados... Enfim, as peripécias habituais de um dia nos transportes públicos. Gostei de andar até ao meu carro, naquele fim de tarde/início de noite, com a rua vazia e os passeios livres de carros (e atenção que eu não costumo andar, arrasto-me), porque o lugar mais perto da estação, às 13h, ficava a 10 minutos de distância.
Nem sequer me importei quando o carro ao meu lado tentou passar o STOP e atirar-me para fora da estrada, porque, afinal, o meu carrinho está mesmo a precisar de tapar uns riscos na pintura. Mesmo quando olharam para mim como se eu fosse maluca, só porque ia aos berros a cantar HOW COME YOU DON'T CALL ME da Sra Keys, sorri.
Estou de bem com o mundo, hoje...

Monday, March 12, 2007

Elektra

Estou eléctrica. Não devia ter comido aquele microondas ao almoço.

A magia das palavras

Trazes palavras vazias, muito embora eu insista que as palavras nunca são vazias. Trazes palavras com que argumentas o seu estado oco. A sua imperfeição arruina-te o discurso. Já te disse que as palavras são como pós mágicos que nos podem fazer voar. Se acreditares nelas. Teço palavras, porque o texto vem de têxtil, como aprendi um dia. Teço discursos e fio o pensamento com linhas coloridas. Achas que o laranja não combina com o verde, mas eu gosto de os entrelaçar, como amantes. Sopro algumas palavras que nunca chegarão aos ouvidos de ninguém, a não ser aos meus. Deixo-as dançarem um pouco nos meus ouvidos, deixo que me embalem o sono. Construo mundos de palavras, sílabas que se equilibram, umas sobre as outras, formando monumentos, fontes e estrelas. Falo baixinho para que as palavras não fujam e depois grito, de repente, e vejo-as correrem, espalharem-se pelo mundo como pequenas partículas invisíveis que nos arrepiam a pele.
Moldo as palavras como um pedaço de barro e esmago-as sobre a bancada, uma e outra vez. Aperto-as e estico-as, dou-lhes forma, idealizo um local perfeito para elas e deixo-as secar sem nunca as prender a um objecto.
Vivo escrava das palavras, das ideias, e conquisto-as para mim, a ferro e a sangue. Embebedo-me nas palavras e sonho com utopias, com magia, com sons esvoaçantes e conceitos afiados.
Já te disse que as palavras são os passos, as pessoas, os processos. Já te disse que as palavras são os medos, os momentos e a verdade. Porque mesmo a mentira é dita em palavras e as palavras nunca mentem.

Saudades dos raios UV!

Hoje fez calor. Calor de verdade, com gente de mangas curtas e uma possível carrinha de gelados caso vivessemos num país decente. Mas não, o português não tem carrinha de gelados, tem, no máximo, o café com gelados, que mesmo em Março são escassos. (Convoco todos os interessados para uma manifestação a favor da implementação da carrinha de gelados em Portugal, como direito absoluto do cidadão português).
Enfim, estava calor e, depois de meses a levar com os casacos, os guarda-chuvas (um ódio de estimação, como sabem os que costumam ler este humilde blog), os cachecóis, as luvas, os gorros, os pompons para tapar as orelhas e toda uma panóplia de objectos contra o frio, era impossível não aproveitar!
Corri para o terraço onde depressa o sol quentinho se transformou em sol fervente e comecei a ver tudo negro à minha volta, e por isso tive de rastejar até uma sombra de modo a não cair sobre o portátil, sofrendo de insolação e talvez até de choque eléctrico! (mas mantive as pernas ao sol, claro!)
Só que amante do calor que se preze não se limita ao seu pedacinho de pedra sob o sol: era preciso a areia no meio dos dedos dos pés, a emoção de evitar as canas afiadas, espetadas na areia, o cheiro a mar entranhado no cabelo. É claro que, quando se mora a 5 minutos da praia e se demora quase meia hora a chegar, devido ao tráfego, já não se está tão optimista e só se quer um espaço para enfiar o carro e atirar os chinelos ao ar para se poder dizer que se pisou areia. Com sorte, arranjámos um lugar perfeito, mesmo ao pé da praia, e lá fomos nós, com um sorriso de orelha a orelha, de chinelinho e top para a praia. Mas ousados mesmo eram aqueles que secavam ao vento nas suas toalhas, depois de um belo banho de mar... Não, eles não secavam ao sol, era ao vento mesmo. Mas estava calor, e eles aproveitaram! Tal e qual o bom turista inglês, que anda sempre com camisa de flores mesmo quando eu tapo o nariz enregelado com o cachecol. É pessoal rijo! Não é um ventinho que lhes vai estragar o dia!
Voltei feliz para casa, com os pés, entretanto gelados, cheios de areia, e espalhei-a o mais que pude pela casa. Aspirar já não foi tão divertido, mas, por segundos, consegui imaginar que já era Verão... aiai...

Thursday, March 08, 2007

And today, my name is...

Entro no messenger e passo os primeiros minutos a ler os "nicks" dos amigos, conhecidos, esquecidos e habituais. E, nesses momentos, únicos no meu dia, vejo o estado do mundo.
Há aqueles que, revoltados, se queixam da $&#* da vida, do tempo, das aulas, do trabalho. Que se sentem revoltados com os amigos, com os outros e com eles mesmos.
Também existe sempre alguém que deixa uma parte de uma música, provavelmente porque ela não lhe sai da cabeça, e a trauteava ainda quando entrou na net, pronto a "teclar".
Invariavelmente, as declarações apaixonadas, juras de amor eterno que, muitas vezes, passados alguns meses, acabam iguais ao primeiro caso, com queixas acerca da $&#* da vida.
E depois, surgem aqueles que só escrevem o nome. Mais nada. Devem ser felizes, esses...

O messenger é um bom indicador do mundo lá de fora, o mundo em que as pessoas são mais que palavras e têm vidas mais ou menos $&#*%....

É estúpido

Faço aquele gesto estúpido, de quem ainda acredita que vai a tempo. Estico-me, heroicamente, mas só agarro o ar. É estúpido. Como é estúpido tentar afastar-me de uma bola que, com toda a certeza, me vai bater mesmo no meio da testa.
O mundo está cheio de gestos estúpidos que fazemos na tentativa de evitar a estupidez. É estúpido levar com a bola na testa. Mas mais estúpido ainda seria ficar parada, não?

She's in every one of us

Para nós:



Hoje ninguém pára a loucura feminina lol!

Ernesto, no meu sono.

Houve uma altura em que estava convencidíssima que conseguia prever o futuro nos meus sonhos. É claro que isso resultou no máximo duas vezes, quando eram coisas mais que prováveis, e nunca mais deu certo, até hoje.
Foi quando o Sô Ernesto, o homem sem braços nem cabeça, me invadiu o sono, que comecei a ficar algo irritada. Mas com que direito vêm estas personagens interromper o nosso merecido descanso?
Chega uma rapariga estafada, veste o seu pijama de coelhinhos e fecha os olhos, confiante de que no dia seguinte acordará uma mulher nova, cheia de energia e boa disposição.... quando, de repente, lá está ele, o Ernesto, encostado à nossa janela, para nos assombrar mais um bocadinho.
"Ernesto", pedi eu, amavelmente, "Não podias ir chatear outra pessoa? É que estou muito cansada, hoje não tenho paciência para te inventar umas falas"
Ele abana o tronco num gesto ofendido (porque sem cabeça nem braços é difícil, imaginam, expressar o seu desagrado), abre a janela e salta lá para fora.
Pobre Ernesto, provavelmente só queria alguém com quem falar, com quem discutir conceitos filosóficos e a história do Mundo... Da próxima vez, convido-o para se sentar ao pé de mim e peço-lhe que me conte a sua história. Afinal, o Ernesto também merece um amigo!

Mulheres fantásticas

Conta a história que, no dia 8 de Março de 1857, as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque teriam decidido manifestar-se contra as suas duras condições de trabalho: 16 horas diárias, salários muito inferiores aos dos homens, e um tratamento indigno no local de trabalho. Dizem ainda que a manifestação foi abafada com extrema violência, com as mulheres a serem presas na fábrica que terá sido, então, incendidada, causando a morte de 130 tecelãs.
Lenda ou realidade, visto que esta é uma história contestada por alguns, a verdade é que as mulheres foram, durante séculos, vítimas duma sociedade que as colocava na base da hierarquia.
E foi graças aos sonhos, à luta e à esperança das nossas antepassadas, foi por elas não se conformarem e desejarem um mundo melhor para elas e para nós, que hoje podemos disfrutar de uma vida com menos restrições e limitações.
Este não é mais um dia dedicado ao comércio, até porque as prendas, neste dia, são escassas. Este é, sim, essencialmente, o dia de lembrarmos os sacrifícios que foram feitos e de os valorizarmos, respeitando-nos enquanto mulheres e seres humanos, todos os dias da nossa vida.

A todas as grandes mulheres, que dão ao mundo um pouco mais de brilho e beleza, às que já passaram e até às que ainda estão por vir, dou os meus parabéns.

É uma honra ser mulher neste mundo.

Saturday, March 03, 2007

À primeira vista

Quando nasceu, foi dada como tendo olhos castanhos. Nada mais que um erro, por parte de um funcionário distraído, preocupado com a hora de almoço que se aproximava. Se tivesse olhado por mais uns momentos, mais uns segundos apenas, ter-se-ia espantado e chamado os colegas para assistirem a tal prodígio.
Nos olhos dela viam-se as chamas e o sangue derramado pelas guerras, homens feridos e cambaleantes, crianças estendidas que nunca iriam crescer.
O horror do passado, do presente e do futuro cruzavam-se, rápidos, na escuridão que habitava o seu olhar.
Com óculos escuros, aprendeu a esconder o seu segredo, para que os homens não tentassem descobrir o seu futuro. Nem perante o espelho os retirava, receando assistir a tamanha dor.
E quando morreu e foi velada, tirando-lhe os óculos, a multidão gritou: como que um espelho, os seus olhos mostravam o seu corpo inerte, rodeado do espanto de quem a sepultou.

Sou parte de ti

Sou mais que as cinzas dos meus antepassados.
Eu sou a força, o sonho, e a coragem.
Eu sou a determinação, a luta e o perdão.
Eu sou os monumentos que eles ergueram
e as causas em que acreditaram.
Eu sou os momentos em que sofreram
e as alturas em que ganharam.
Eu sou as pedras que eles pisaram
e os dias que viveram.
Eu sou as músicas que cantaram
e as cartas que escreveram.
Eu sou o dia depois, o que não puderam ver
eu sou os planos rabiscados à espera de viver.
Eu sou os risos que não se podem guardar
e as feridas que não podem sarar.
Eu sou as vidas que nunca conheci,
e sou aquela que é parte de ti...

Friday, March 02, 2007

My dear Ray...

Cheira-me que, se de facto existe algo como a reencarnação, eu devo ter sido em tempos uma daquelas meninas...

Come on Jack, hit the road...

Um brinde perfeito

Não ouves? À tua volta o mundo celebra a vida: as flores abrem uma e outra vez, o sol nasce e põe-se, as estrelas ardem e caem no céu, a chuva vem beijar-te e afasta-se mansinha, o mar rebenta aos teus pés como fogo de artifício, as árvores abanam as suas copas numa dança alegre e terna, e as borboletas vagueiam, como confetis, no ar.

Não o consegues ouvir?