Houve uma altura em que estava convencidíssima que conseguia prever o futuro nos meus sonhos. É claro que isso resultou no máximo duas vezes, quando eram coisas mais que prováveis, e nunca mais deu certo, até hoje.
Foi quando o Sô Ernesto, o homem sem braços nem cabeça, me invadiu o sono, que comecei a ficar algo irritada. Mas com que direito vêm estas personagens interromper o nosso merecido descanso?
Chega uma rapariga estafada, veste o seu pijama de coelhinhos e fecha os olhos, confiante de que no dia seguinte acordará uma mulher nova, cheia de energia e boa disposição.... quando, de repente, lá está ele, o Ernesto, encostado à nossa janela, para nos assombrar mais um bocadinho.
"Ernesto", pedi eu, amavelmente, "Não podias ir chatear outra pessoa? É que estou muito cansada, hoje não tenho paciência para te inventar umas falas"
Ele abana o tronco num gesto ofendido (porque sem cabeça nem braços é difícil, imaginam, expressar o seu desagrado), abre a janela e salta lá para fora.
Pobre Ernesto, provavelmente só queria alguém com quem falar, com quem discutir conceitos filosóficos e a história do Mundo... Da próxima vez, convido-o para se sentar ao pé de mim e peço-lhe que me conte a sua história. Afinal, o Ernesto também merece um amigo!
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