Tuesday, October 31, 2006

Hallo-Queens

A bruxa do século XXI já não pode ser aquela velha desdentada, de cara esverdeada e verruga no topo do nariz afiado. Meus amigos, a par com a evolução do homo sapiens sapiens, que, segundo consta, está neste momento a passar por um novo momento de mutação, em que os seres mais evoluídos já não têm dentes do ciso (e que só por acaso é o meu caso!), as bruxas também têm evoluído.
Que alma ingénua poderia continuar a acreditar que as bruxas ainda voam de vassoura e vestem trapos rasgados? Tendo as bruxas acesso a transporte exclusivo, parece-me óbvio que, se alguém vai a Milão fazer compras, são elas! Gucci, Cavali, Dolce Gabanna... Tudo isso, as bruxas têm aos montes! A velha botinha rasca não passa hoje de recordação no pé sofisticado da bruxa, que calça a sandalinha preta de muitos, muitos euros!
As unhas das bruxas, um outro elemento fundamental, não podem, obviamente, ser verdadeiras nos dias de hoje. A bruxa moderna é uma mulher ocupada, sempre a mexer em frascos e fransquinhos, de modo a poder fazer os seus feitiços. Ainda que a indústria moderna tenha tentando simplificar a vida delas (colocando o pózinho mágico - branco, sim - dentro de pequenos saquinhos), é claro que qualquer bruxa que se preze, hoje em dia, tem unhas de gel!
E a vassoura? Mas ainda alguém usa vassoura? Claro que a bruxa voa nos mais exclusivos meios de transporte, tais como o aspirador/massajador, ou por vezes no jacto privado do "amigo espanhol que conheceu nas Maldivas durante as férias da Páscoa" (pagas, claro, pela Magazine Bruxedos!)
E que bruxa do nosso tempo quereria viver com uma verruga? Todas as bruxas vão ao cirurgião plástico! Corta daqui, põe ali, mexe um bocadinho acolá... e a bruxa sai, contente da vida, da clínica privada, como se tivesse levado a tareia da sua vida, negra como uma beterraba, mas enfim.. daqui a umas semanas poderá ir àquele baile de monstros linda como nunca!
É claro que a bruxa quer sempre fazer mal a alguém. Ora, hoje não podia estar mais fora de moda o tradicional duelo de feitiços, com luzes e fumos a sairem por todos os lados. Chique mesmo é roubar o namorado da outra, caluniá-la, ou.... o pior de todos os crimes: vestir o mesmo vestido que ela...na festa DELA!!!MUHAHAHA isso sim, é de bruxa!

Ainda acham que as bruxas não existem?

A brincar, a brincar...

Monday, October 30, 2006

Love- sick

Há sempre alguém que, no meio de uma discussão sobre os intermináveis e abomináveis defeitos masculinos, e como eles acabam sempre por arruinar os nossos sonhos e esperanças, se lembra de um casal perfeito.
Entre nós, falava-se de um casal incrível, com uma relação de 3 anos e meio quase sem discussões, onde o respeito convivia com a paixão, e em que os dois eram muito liberais e sabiam escutar-se.
Eu, que nunca os tinha visto juntos, costumava imaginá-los com corações nos olhos, a saltarem de mãos dadas pelos prados verdes!
O nosso exemplo, a nossa esperança de relações perfeitas, morava ali, naquele casal que nós mal conhecíamos, mas que nos aconchegava a alma nos momentos mais difíceis.
Mas e quando os exemplos caem do arranha-céus e se esborracham como moscas no vidro do carro? Afinal o nosso casal perfeito, o nosso pote de ouro no fim do arco-íris, era só latão pintado de dourado! Afinal ela tinha outro, e ele sem nada saber, sorriiiiia. Moral da história: não há exemplos perfeitos.

Poderá então o amor ser chamado de doença? Li algures que o amor pode ser explicado pela química, com uma daquelas funções com letras e números, tal e qual como se pode equacionar uma doença. Assim sendo, não deveria algum cientista de cabelo chamuscado e bata pegajosa começar a pensar numa cura? (os apaixonados gritam BUHHH e os desiludidos YEAH SISTER!! ) Mas a verdade é que ninguém quer mesmo curar-se. Uma vez livres desta doença vil, o que nos vai aquecer o coraçãozinho? O que nos vai fazer rir tão alto? Ou ainda: com quem vamos nós dividir a vergonha de saltar pelos prados?
Partam os tubos de ensaio, peguem fogo aos laboratórios, façam refém qualquer cientista que leve o meu apelo a sério!
E se no fim não correr bem, quando chegar a hora de pegar fogo à merda dos prados, quando forem à cave resgatar o pobre do cientista para o convencer a voltar a trabalhar numa cura para o amor, pensem nisto: na vida o que fica são os momentos, não os finais.
E temos sempre o cartão de crédito do pai, desesperado para nos ver sorrir de novo, para afogarmos as mágoas nuns trapinhos. YEAH SISTER!!

A brincar, a brincar...

Saturday, October 28, 2006

"Catumis, a lavadeira"

Conheço uma pessoa que conhece uma pessoa que conhece uma menina que fala com fadas. E, desta vez, não me refiro à Floribella (estavam mesmo à espera que eu fosse gozar com ela outra vez!). Refiro-me a alguém que, aqui entre anós, se passará a chamar "Catumis".Chocada com a situação, uma outra amiga de uma amiga, a quem a história chegou por acaso, depois de passar por pessoas honestas que não têm como intuito, de modo algum, falar da vida dos outros, decidiu analisar o seu caso. As conclusões foram assustadoras.
Este é o caso de..."Catumis, a lavadeira".
Catumis nunca teve muito contacto com a tecnologia, visto que nasceu numa terrinha antiquada. Veio estudar na cidade, onde se deparou com as "fadas" (chamemos-lhes assim por enquanto). Essas fadas tanto podiam ser amistosas, cantando lindas músicas de amor, como agressivas, ordenando-lhe que, por exemplo, cortasse vacas ao meio. Catumis não queria enfurecê-las e, com o dinheiro que o pai lhe mandava para pagar o quartinho no martim moniz, comprou uma vaca para cumprir a sua tarefa.
Essa amiga que investigou o caso dela, descobriu que aquilo que Catumis julgava serem fadas eram, na verdade, as colunas do seu pequeno rádio, que estava disponível no quartinho de Lisboa, quando ela se mudou para lá.
Quando confrontada com a explicação, Catumis pediu desculpa a todas as vacas do planeta, pelos sucessivos maus-tratos por ela infligidos, e disse que as colunas de som deviam arder todas numa fogueira, enquanto os jovens ingénuos do interior dançariam em sua volta.
A verdade é que este não é um caso isolado. Muitos jovens, tirados à força da sua terra, vêm encontrar em Lisboa um mundo novo, e acreditam estar na presença de entidades superiores quando ouvem vozes e não têm ninguém em seu redor. Foi por isso que muitas das vacas da COW PARADE foram roubadas e maltratadas...


PS-Este é um caso verídico. Avisem os vossos amigos e familiares fazendo copy paste. Se não o fizerem podem vir a arrepender-se. Além disso, durante 10 anos vão ter acidentes de carro envolvendo vacas.

A brincar, a brincar...

Friday, October 27, 2006

Reggae-Tonta

This summary is not available. Please click here to view the post.

Oh happy roads!

Todos os condutores têm as suas manias. Há aqueles que conduzem colados ao vidro da frente, os que gostam de conduzir com os joelhos, os que não podem deixar de tirar um ou outro macaquinho quando se sentam ao volante...
Depois há os condutores traumatizados, aqueles que já sofreram algum tipo de peripécia na estrada e que vivem com o fantasma desse dia colado ao pára-choques.
Conheço uma certa pessoa, cuja identidade fica guardada a 7 chaves na minha memória, que padece de um grave trauma. Certo dia, ia a conduzir a carrinha do papá, quando começa a ver fumo e chamas a irromperem pelo capô. Imaginem o pânico da pobre! Não me lembro como resolveu o problema, mas a verdade é que, desde esse dia, ela nunca mais foi a mesma. Sempre que andamos de carro, e lhe cheira a queimado, transforma-se. Os olhos esbugalhados, a respiração ofegante, cola-se ao vidro para ver se há fogo. "Não te cheira a fumo?!", pergunta-me desesperada. Esse trauma já lhe valeu uma piada, digna de ser, um dia, transformada em filme: vai ela no carro e cheira-lhe a fumo. Heis que estica a cabeça para fora da janela para verificar se há algum problema quando uma beata acesa, atirada pelo carro da frente, aterra mesmo na sua cabeça. Ela não se apercebe, e com o cabelo em chamas, continua: "Não te cheira a fumo?! Cheira-me a fumo!!!".
Eu também não estou isenta de traumas, assumo-o. É verdade, eu confesso! O meu trauma são as sirenes. Quando as ouço fico logo em pânico. Sei que vêm atrás de mim e querem passar. Acelero para não ter de me atirar para cima do passeio. Mas se, por acaso, não sou suficientemente rápida, guino o volante para o lado e levo tudo comigo: seja passeio, gente ou jardim, é tudo varrido!

Mas também conheço condutores muito relaxados. Como uma amiga minha que, de cada vez que o carro sofre uma amolgadela, encolhe os ombros e continua. É que ela nem pára para ver a dimensão dos danos! "Olha, fui contra uma árvore... E então, onde é que vamos comer?".....

Conduzir é, vocês sabem, um exercício de auto-controle. Não gritar, não espernear, não fazer gestos feios aos nossos parceiros de estrada. Buzinar alegremente em retorno quando me buzinam a mim (até faço umas melodias engraçadas), e atirar um "xau" (não o detergente, claro, que a vida está difícil!) quando vejo alguém que aparenta fazer um teatro de sombras ao volante.
E se por acaso o pneu rebentar, troca-se. E se ficarmos sem gasolina, aproveitamos para esticar as pernas enquanto nos dirigimos até à bomba mais próxima. Don't worry, be happy!


A brincar, a brincar...

Wednesday, October 25, 2006

A importância do ATCHIM!

Outro dia, em conversa com uma quase-estranha-conhecida-há-11-anos, ela contava-me que o irmão, agora com um emprego sério, daqueles em que se usa fato e gravata, em que a empresa nos oferece um telemóvel e, às vezes, até um carrinho, já não utilizava a expressão "santinho" quando alguém espirrava. Que, agora, ele dizia "saúde". E eu fiquei ali, maravilhada, a ouvir a importância que têm as palavras quando começamos a usar gravata.
Porque a gravata não é só decoração, é o que nos aperta a garganta para nos racionar as palavras. A gravata é o disfarce do super-executivo, mais ou menos como os collants estão para o super-homem. Quando ele põe a gravata, os seus super-poderes começam a funcionar, e ele começa a falar como um homem de verdade.
O homem acorda rabujento, balbucia umas quantas palavras sem nexo enquanto se dirige para a casa de banho... Mas, de repente, heis a gravata pendurada na maçaneta!Ele agarra-a com carinho: é ali que se concentra o seu estatuto, o seu poder. Ali estão guardados todos os "Srs, Drs, Engenheiros, Professores" que distribuirá durante o dia, como raios laser que saem dos olhos de um super-herói. Quando ele a põe, vêem-se feixes de luz atravessarem a porta do WC. Onde está o Pereira? Agora, no meio dos azulejos azuis, é o SR DR PEREIRA quem se olha ao espelho!...

A gravata também tem muitas outras utilidades. Oh sim, podem crer. Imaginem que, vai o SR DR Pereira na rua, com a sua pasta numa mão, e o seu telemóvel da empresa na outra, e um larápio se aproxima dele.. O rapaz tenta então roubar o telemóvel. Se fosse o seu telemóvel, o SR DR Pereira nem se incomodava: afinal tem um 3310, todo riscado, e que está, quase sempre, sem rede. Mas o infame quer levar o telemóvel corporativo, o telemóvel da sua empresa!! Sem pestanejar, o SR DR Pereira arranca a gravata e usa-a como chicote, estalando-a no ar. Isto impressiona qualquer um. Obviamente, o ladrão larga, imediatamente, o telemóvel da empresa do SR DR Pereira e sai, correndo, para casa, pensando que, também ele, devia comprar uma gravata.

Imaginem ainda que, está o SR DR Pereira a conduzir o carro da empresa, distraído a pensar nas contas da empresa, quando, de repente, tem um acidente. O carro capota e o SR DR Pereira verifica que fez um corte profundo na perna, que deixa o osso a descoberto. Se fosse o simples Pereira quem ia ao volante, era capaz de desmaiar ou desatar a gritar por socorro. Mas não! Ali, é o SR DR Pereira quem está ao volante. Depois de telefonar para o reboque, para ver se consegue ainda salvar o carro, porque é o da empresa, ele saca da sua gravata de seda, e usa-a como garrote, apertando-a bem na perna. Enquanto espera pelo reboque, vai adiantando trabalho, fazendo os cálculos da empresa, pois eles não merecem ser penalizados pela sua falta de atenção.

A gravata: a mais poderosa engenhoca do super-executivo!

A brincar, a brincar...

Friday, October 20, 2006

Gemini

Às vezes leio o meu signo. Só para estar preparada, caso vá ganhar uma fortuna, ou ficar constipada... Geralmente, adopto sempre a mesma posição: acredito nas coisas boas, não acredito nas más. Do género:

"O seu signo é regido pelo planeta dos macacos, que, por acaso, se vai cruzar com a estrela do além, precisamente no dia 21. Esta semana vai ter muita sorte ao jogo (ai! tenho de jogar!), vai conhecer um sítio que há muito desejava conhecer (mas eu não tenho mala de viagem que combine com os sapatos! Compraaas!) e vai perder algo muito valioso (pff... ridículo!...Tá bem, tá!....) A nível profissional, surgirão grandes oportunidades, que não deverá desperdiçar!!(será que devia telefonar para este anúncio "Trabalhe a partir de casa e ganhe 5000 euros por mês??!)"

Hoje li a minha sorte no "Metro", escrita pela Andreia Gaita, e percebi...

Gémeos: "Aquele piquenique que anda a planear vai ser completamente arruinado por pica-paus" -FIM-

... isto do horóscopo, não é para mim!...

A brincar, a brincar...

"Oh faz favor, arrancou-me um olho com o arame do seu guarda-chuva!"

Parece que a época do guarda-chuva foi oficialmente aberta! A partir de hoje, já não é piroso andar com ele debaixo do braço, dando até um ar prevenido e sensato.
Mas com a chuva posso eu bem! Não gosto é dos guarda-chuvas... Porquê?
  1. Se não tivermos um daqueles modelos compactos, que se dobram 500 vezes sobre si mesmos e cabem no bolso, é muito chato andar com ele, para cá e para lá, principalmente quando se usam transportes públicos.
  2. Arames espetados nos olhos e na cabeça: está sempre a acontecer. Se repararem bem, há sempre alguém que tenta disfarçar que acabou de ser picado mesmo na testa por um arame de guarda-chuva que por ali passava.
  3. A mania que as pessoas têm de entrar com o guarda-chuva aberto em todo o lado. Deus nos livre de fechá-lo antes de entrar no café!! Insistem, insistem, o guarda-chuva já todo torcido na porta, o tecido quase a romper, e eles a puxar. A malta lá dentro a gritar "TU CONSEGUES!! É SÓ MAIS UM BOCADINHO!!!" Uivos e palmas no final, geralmente seguidos de sussurros do tipo "Eu conseguia fazer aquilo mais depressa.... Viste o ângulo que ele utilizou? Nã, não foi o melhor...."
  4. As danças tribais da chuva: uma velhinha agarrada ao chapéu de chuva, a ser levada pelo vento, a contorcer-se toda... (também pode estar possuída pelo demónio e/ou a ter uma trombose ou algo do género :S)
  5. Os guarda-chuvas esquisitos. Com olhos salientes, pompons, guizinhos, etc. Hoje vi um que imitava um sapo. Ao longe, parecia o Godzilla júnior.... Assustador, minha gente!!!

PS - hoje vi uma coisa incrível no Metro. Uma sósia da Marisa Cruz, mas na versão "Marisa-depois-de-ter-levado-uma-marretada-na-tola": 1,20m, olhos esbugalhados e sem dentes. Parecia MESMO a Marisa Cruz comprimida!!

A brincar, a brincar...

Wednesday, October 18, 2006

Tenha um bom dia com mokambooo

Hoje, quando me dirigi a um quiosque para ir comprar o meu material de leitura, já me tinha preparado mentalmente para enfrentar o sorriso amarelo (se tivesse sorte!), o "diga lá!" e a verruga peluda no alto do nariz, como um letreiro luminoso a gritar SOU UMA BRUXA/ SOU UM BRUXO. Parece que as pessoas já se esqueceram de como se sorri, que não custa dizer "bom dia" e que um "obrigado" nunca fica mal. Eu, que não costumo fazer compras todos os dias, recebo sempre a arrogância como um soco, e, quando isso acontece, defendo-me com outro do mesmo género (não digo "obrigada": MUAHAHA sou tão maquiavélica!).
Ainda ontem, quando cheguei a um quiosque, cuja localização prefiro não revelar de modo a não por em risco a minha segurança, o senhor encarregado de me atender mandou-me ir a outro lado porque estava a dar migalhas a pássaros.... Será que os piu-pius não aguentavam 2 segundinhos? Ficariam loucos como os pássaros do Hitchcock e iriam arrancar-me os olhos? Pelo sim, pelo não, tentei sorrir (uma tentativa mal conseguida, pareceu-me), e afastei-me num passo rápido, como aqueles corredores que não correm nem andam e que vão todos tortos sem tirar os pés do chão (sim, sei que isso tem um nome, mas não mo perguntem a mim!).
Por isso, hoje, quando cheguei ao quiosque e vi um sorriso de verdade, daqueles com dentes à mostra, covinhas dos lados, e brilho nos olhos, apeteceu-me comprar o expositor inteirinho, com suportes e tudo, e esvaziar a carteira nas mãos daquela mulher. Comprei só uma revista, mas deixei lá o meu melhor sorriso, o mais delicado "obrigada" e o sincero desejo de que a senhora tivesse, realmente, "um bom dia". Ainda pensei em abraçá-la, dançar o "Vira" com ela, e cantarmos juntas o "Tenha um bom dia com mokamboooo...", mas isso podia estragar tudo e então limitei-me a ser uma pessoa normal...
Afinal, não custou nada, pois não?

A brincar, a brincar...

Monday, October 16, 2006

Voltar atrás

Se pudesse voltar atrás no tempo, e fazer as coisas de uma outra forma, mudava menos do que aquilo de que me queixo. Se calhar nem sequer chegava a alterar um simples sorriso, um olhar desinteressado, uma colher deixada cair ao acaso, o barulho da vizinha ao lado que vê a telenovela enquanto aspira a casa. Provavelmente, as nuvens continuariam ali, o sol daquele mesmo lado, e os sonhos teriam o seu espaço guardado naquele cantinho especial da almofada, e o meu lugar continuaria a ser o de sempre. Ali, junto à mesinha de cabeceira, estariam os mesmos livros, as mesmas páginas dobradas, as mesmas frases sublinhadas, as mesmas capas amarelecidas. Atrás da porta continuaria o mesmo pó, a mesma mancha escurecida que me enerva, o mesmo pedaço de soalho solto com que implico. No corredor, a mesma boneca de porcelana com o rosto a estalar. Se calhar deixava tudo como está. Não mudava nada, nem as partes do meu mundo que mais me irritam.
Se eu voltasse atrás no tempo mudava uma coisa. Parava em cada sorriso para o recordar para o resto da vida, parava em cada olhar para o conseguir absorver total e completamente, e dava-te as mãos mais vezes. Se calhar não te deixava falar tanto e ensinava-te o poder que o silêncio tem de unir os sonhos e as almas. Se calhar tinha-te mostrado mais vezes o que são momentos.
Mas eu não vou voltar atrás no tempo, pois não?

Uma bad pie...


'Cause you had a bad pie, you're taking one down
You sing a sad song just to turn it around
You say you don't know, you tell me don't lie
You work on a smile and you go for a ride
You had a bad pie, the camera don't lie
You're comin' back down and you really don't mind
You had a bad pie... you had a bad pie

A tarte nem ficou má, mas a cozinha nunca mais voltará a ser a mesma... Não é esta, mas ficou parecida :S


A brincar, a brincar...

Saturday, October 14, 2006

GANHEI!! GANHEI!!

GANHEI!GANHEI!GAAAANHEI...juízo :P

Com 80 milhões de euros em jogo, poucos não arriscaram. Afinal, quem não arrisca não petisca, e o povo português, o maior apostador da Europa no que toca a este sorteio milionário, encheu as papelarias com números benzidos e estrelas prometidas.
Eu andava com um feeling em relação às estrelas número 4 e 9. Não sei, estava capaz de apostar o meu bem mais precioso (entre "apostar" e "o meu bem mais precioso", fiz uma pausa de cerca de 2 minutos a pensar naquilo que tinha com algum valor. Ficou a intenção) em como aquelas iam ser as estrelas mais brilhantes nesta sexta-feira 13. Não foram. Depois de influenciar toda a gente a escolhê-las, tive medo de sair de casa, mas, mais uma vez, o que conta é a intenção. Afinal, lá estava eu, generosa, a partilhar o meu (in)falível palpite com toda a gente. Depois das 21h15, nem um agradecimento... Bah! Ingratos!
Mas afinal, como é que as pessoas escolhem esses números mágicos em que depositam a sua esperança e os seus eurinhos? Quem são os nossos apostadores??
  1. O céptico - não tem qualquer tipo de crença na sua capacidade de prever o futuro. Prefere arrsicar as apostas aleatórias e automáticas. Provavelmente é do sexo masculino... Deixa tudo nas mãos de uma máquina!
  2. O matemático - guarda religiosamente os resultados de todos os sorteios, calculando as probabilidades de cada número e de cada estrela. Ou então, dirige-se, pura e simplesmente, à internet, onde outro matemático já seu deu ao trabalho de calcular isso por ele. Deixa tudo nas mãos da ciência.
  3. O impulsivo - marca o primeiro número que lhe vem à cabeça. Depois arrepende-se, vai buscar outro boletim, volta a fazer o mesmo. Termina confuso, frustrado, mas com uma ligeira esperança. Deixa tudo nas mãos de alguém que ele tem a certeza que não é ele.
  4. O compulsivo - marca uma centena de números, quase sem olhar para eles, e só depois se apercebe que acabou de gastar quase 100 euros em apostas múltiplas. "Temos pena, já está no terminal". Vai para casa furioso, vê o sorteio furioso, desliga a televisão furioso, e atira setas a um poster da Marisa Cruz colocado atrás do fogão. Não deixa nada nas mãos, voa tudo.
  5. O intuitivo - faz a sua escolha com a maior das calmas. É possível que tenha praticado exercícios de respiração antes, no seu quarto cheio de velinhas, onde tenta inspirar-se. Tem a sensação de que uma força o guia para esse número, e quando não ganha nada (quase sempre) não se revolta. Fica para a próxima! Deixa tudo nas mãos dos espíritos celestes e sábios que vivem em florestas com duendes.
  6. O pobre - não come há dois dias para poder jogar no fim da semana. Cada elemento da casa escolhe um número e, por estranho que pareça, é dos que mais aposta. Ele sabe que para ter muito é preciso estar-se preparado para dar muito. Não costuma ganhar, mas sente que foi dinheiro bem gasto. No fim, se calhar ainda volta para o bolso dele! Deixa tudo nas mãos da senhora da caixa do supermercado, porque não tem dinheiro paa pagar.
  7. O rico - joga por desporto, pela sensação de adrenalina, pelo prazer de poder vir a roubar mais uns trocos à populaça. Faz as suas apostas pela internet; não, aliás, manda o seu mordomo apostar por ele na internet. Aposta sempre minutos antes das 19h de sexta-feira e escolhe os números que a empregada leu serem os números da sorte do seu signo. Parvoíces, mas deixá-la... afinal, para ele são trocos. Deixa tudo nas mãos da empregada... mas tudo mesmo!
  8. A Floribella - não joga, porque se tiver ouro vai deixar de ter amigos.... Portanto pede às fadinhas mágicas para apostarem por ela. Deixa tudo nas folhas de uma árvore falante que também serve de farol (e porem a floribella na clínica de reabilitação?).

Ainda não sei se alguém ganhou os 80 milhões de euros, mas caso isso não tenha acontecido (eu, egoísta, a torcer os dedos - que coisa feiaaaa!), para a semana lá estamos nós, os apostadores, de caneta em riste e boletim na mão, ansiando por uma quantia ainda mais dolorosamente extraordinária, invadindo as papelarias nacionais.

A brincar, a brincar...

Friday, October 13, 2006

"Terrifiquis Horis"



Depois de muito sofrimento, a vida do habitual utilizador dos transportes públicos em Portugal vai ser, finalmente, adaptada ao cinema e conquistar o reconhecimento tão merecido. O filme, que se vai chamar "Terrifiquis Horis", ou seja, Horas Terríveis, promete tornar-se um clássico entre os amadores do cinema de terror. E a promoção do filme já começou: ontem, a linha verde do Metro foi engenhosamente encerrada entre o Cais do Sodré e o Martim Moniz, por volta das 9h da manhã, gerando o caos e o pânico entre aqueles que esperavam poder partilhar odores corporais com os seus companheiros de batalha.
Assim que se aperceberam da situação, dezenas de pessoas correram desesperadas para as paragens de autocarro, deixando para trás os seus bens, numa clara tentativa de sobrevivência. Os mais velhos lutavam, bravos, por entre as malas e os casacos abandonados no cais de embarque, incitando os outros a prosseguirem o seu caminho.
"Ehpah!! Oh Fonseca, há aqui malas abandonadas!", gritou um polícia. Com receio de um atentado, a POPulação atirou-se para o chão( mas continuou a rastejar, para tentar chegar ao autocarro!).
Lá fora, as filas eram esmagadoras. Cada qual guardava religiosamente o seu lugar, empurrando discretamente o da frente, para não deixar espaço para ninguém se meter. Tipo A5 ao fim da tarde, estão a ver?
Pois eu não sei o resto, fugi para dentro de um táxi, a perguntar ao homem até onde me levava com 3 euros. A resposta chegou-me na forma de um dialecto que desconheço, mas o sr. taxista até era português!...

A brincar, a brincar...