Hoje, quando me dirigi a um quiosque para ir comprar o meu material de leitura, já me tinha preparado mentalmente para enfrentar o sorriso amarelo (se tivesse sorte!), o "diga lá!" e a verruga peluda no alto do nariz, como um letreiro luminoso a gritar SOU UMA BRUXA/ SOU UM BRUXO. Parece que as pessoas já se esqueceram de como se sorri, que não custa dizer "bom dia" e que um "obrigado" nunca fica mal. Eu, que não costumo fazer compras todos os dias, recebo sempre a arrogância como um soco, e, quando isso acontece, defendo-me com outro do mesmo género (não digo "obrigada": MUAHAHA sou tão maquiavélica!).
Ainda ontem, quando cheguei a um quiosque, cuja localização prefiro não revelar de modo a não por em risco a minha segurança, o senhor encarregado de me atender mandou-me ir a outro lado porque estava a dar migalhas a pássaros.... Será que os piu-pius não aguentavam 2 segundinhos? Ficariam loucos como os pássaros do Hitchcock e iriam arrancar-me os olhos? Pelo sim, pelo não, tentei sorrir (uma tentativa mal conseguida, pareceu-me), e afastei-me num passo rápido, como aqueles corredores que não correm nem andam e que vão todos tortos sem tirar os pés do chão (sim, sei que isso tem um nome, mas não mo perguntem a mim!).
Por isso, hoje, quando cheguei ao quiosque e vi um sorriso de verdade, daqueles com dentes à mostra, covinhas dos lados, e brilho nos olhos, apeteceu-me comprar o expositor inteirinho, com suportes e tudo, e esvaziar a carteira nas mãos daquela mulher. Comprei só uma revista, mas deixei lá o meu melhor sorriso, o mais delicado "obrigada" e o sincero desejo de que a senhora tivesse, realmente, "um bom dia". Ainda pensei em abraçá-la, dançar o "Vira" com ela, e cantarmos juntas o "Tenha um bom dia com mokamboooo...", mas isso podia estragar tudo e então limitei-me a ser uma pessoa normal...
Afinal, não custou nada, pois não?
A brincar, a brincar...
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