Wednesday, October 03, 2007

Escrever a brincar

"Às vezes não compreendo nada do que escreves!"
Ele queria dizer "a maioria das vezes" mas controla-se. Não sabe se é ele que não entende ou se é ela que não escreve como deve ser. Ela tem a mania de escrever frases que violam a gramática, palavras que não existem fora da sua cabeça, ideias que são impossíveis no mundo dos homens.
"Eu escrevo o que me apetece. Mesmo que não faça muito sentido", responde, encolhendo os ombros, num misto de tristeza por ser incompreendida e um sentimento de individualidade que a seduz como é normal nos jovens.
"Então nunca vais poder escrever a sério. Assim como os escritores, que escrevem para os outros". Ficou ferido de morte pela aparente indiferença que relevou face à sua incompreensão. Quer feri-la também.
"Então vou escrever a brincar."

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