...eu acho que a lua insiste em dar-me cabeçadas! Porque se o mundo é feito de forças conjuntas, então o facto de por vezes parecer aluada não pode ser só culpa minha...certo?
Hoje, para não ter uma surpresa que me pudesse dar um ataque de coração, vi o comboio partir à minha frente. Tudo bem, tinha 20 minutos para relaxar enquanto esperava pelo próximo. Podia ter-me dedicado ao estudo, não fosse o facto de, sem surpresas, me ter esquecido do referido estudo em casa. Ora bem, toca de abanar as pernas debaixo do banco durante 20 looongos minutos.
Quando apanhei o comboio reparei que, comigo, viajava uma turma de jovens com os seus 13 anos que ia ao "museu das comunicações. TÉLÉ!!TÉLÉ COMUNICAÇÕES DUH!" (informação conseguida graças ao diálogo animado entre as cachopas sentadas no banco ao lado). Consegui ver, claramente, 10 anos atrás: eu e as minhas amigas, em puro êxtase por viajarmos de comboio (ahah ironia da vida) e os rapazes, claro, com umas bocas foleiras à action man, lá se iam metendo com as meninas e trocando cotoveladas entre si.
Chegada ao metro, já sem a minha turminha que partiu, a pé, para o museu das TÉLÉ TELÉ COMUNICAÇÕES! e sem material de leitura disponível entreguei-me a um dos meus hobbies: ver sapatos. Não sei se terá algo a ver com a minha estatura, assim com queda para o baixinho, mas distraio-me a ver os sapatos dos que passam e acredito que são muito bons para "ler" quem os calça. Foi assim que conheci a sra azul. Uma senhora com botas azuis, meias de vidro azuis, luvas azuis (atenção que tudo isto não era azul mas AZUL) e, claro está, óculos escuros com lentes... azuis! Tive tempo também para perceber que as luvas até ao cotovelo estão de volta (de volta como quem diz, saíram dos filmes das princesas disney e vieram para o mundo real) e que às 14h já muita gente tem um certo bafinho a álcoól indisfarçável.
E não posso deixar de mencionar o amigo do Paulinho, que sei que se chamava Paulinho porque ele não se cansava de dizer "Paulinhooo oh Paulinhoooo", que ignorando os pedidos da "voz do além" que se dirige aos utentes do metro, achou que devia fumar. Difícil, no entanto, estava acender o cigarro, porque o amigo do Paulinho não se conseguia aguentar em pé e o isqueiro devia estar ligeiramente desfocado aos seus olhos. Lá se sentaram, Paulinho e seu amigo que DE CERTEZA devia estar com febre ou coisa do género, coitadinho (drogas? claro que não que disparate!), nos banquinhos da estação do Campo Grande, em acesa conversa (ou monólogo porque o Paulinho quase não abria a boca, levando-me a questionar até que ponto o Paulinho conheceria de facto o amigo), até que uma senhora com casaco de peles até aos pés decidiu que também se ia sentar ali. Quer dizer, decidiu antes de os ver, porque quando os viu ficou tão horrorizada que fugiu para a outra ponta da estação, o que não pôde deixar de me fazer sorrir.
Agora digam-me, sinceramente, se eu fosse assim tão aluada conseguia reparar nisto tudo? Claro que a culpa é da lua, que às vezes gosta de me dar cabeçadas! E assim manifesto a minha indignação!
No comments:
Post a Comment