Ontem não me lembrei. Às vezes esqueço-me que morreste, é verdade. Da mesma forma que há dias em que, de repente, a conduzir para casa, a arrumar a roupa amontoada sobre a cama, me lembro de ti. Penso no que serias agora. Imagino o que farias. Tento descobrir como seria se nos encontrássemos agora, assim por acaso - "olha, também estás aqui?". Sei que me ias chamar Laurinda, eu ia revirar os olhos, provavelmente bater-te ao de leve, dizer "então kókó, já estás a abusar...", rir-me.
Nunca mais me vais chamar Laurinda, e eu nunca mais te vou revirar os olhos. Nunca mais nos vamos encontrar às escondidas, atrás do pavilhão, para um cigarro. Não te vou mostrar fotos da minha filha, mas se calhar, onde quer que estejas, consegues ver-nos. Espero que sim, espero mesmo que sim.
Tenho saudades tuas, Moko. Tantas que sinto a garganta apertada. Tantas que quase acredito que, de repente, vais aparecer por aí a rir e provar-nos que estas coisas não nos acontecem.
Queria tanto que estivesses aqui.
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