Com as notas a saírem, quentinhas e às dúzias, como a castanhinha assada, só nos resta sorrir de contentamento ou sorrir para não ficarmos com cara de parvos.
Na verdade, a transição da escolinha para a FACULDADE pode provocar uns certos sustos, quando os nossos belos 18 na pauta são substituídos por 13s rançosos e pegajosos, que pairam sobre as nossas cabeças com bocarras abertas murmurando "Desempregoooooo".
Enfim, ao universitário restam duas saídas: ou usufrui das famosas cábulas, que, inexplicavelmente, nunca foram tão fáceis de usar, ou puxa pela imaginação e enfia algumas citações brilhantemente decoradas mesmo quando não têm relação nenhuma com o que se está a escrever.
Há sempre aqueles professores que nos animam com o típico discurso do "Uma vez, há muitos anos, dei um 20", que é para ver se a malta vai logo a correr, ansiosa, ler os textos todos e sublinhá-los com canetas fluorescentes para conseguir o tal 20, carregado de teias de aranha, que provavelmente só daqui a 50 anos é que volta a sair do armário.
Pode ser frustrante, quando entregamos um trabalho que levou meses a fazer, encadernado com os melhores materiais da papelaria, e quando chegamos, vemos o nosso trabalho riscado, a capa arrancada (aparentemente, é um obstáculo ao intelecto), páginas dobradas e manchas de café em cima da imagem que nos gastou quase um tinteiro a imprimir.
Pode até ser enfurecedor, quando nos dizem "está bastante bom... tem 12!".
Queridos colegas, mantenham a calma. Apesar de às vezes não termos tempo para mais nada, a verdade é que existe mesmo vida fora da universidade. Não se deixem enganar pelo argumento estilo "A Vila" e arrisquem cruzar os portões (ou as asas do pássaro, se andarem na FCSH), e verão que o mundo está à vossa espera, à espera de ser descoberto e de poder maravilhar alguém.
E, no último dia (para o qual me faltam precisamente 4 meses!), queimamos os livros, derrubamos os muros, atiramos as canetas ( e desviamo-nos, porque era um bocado vergonhoso levar com elas em cima) e brindamos a um mundo inteiro por descobrir!
Ps - o desemprego é apenas uma altura em que nos é possível dormir o dia inteiro, ver a série do CSI que nos faltava, escrever um livro sobre um tsunami que abala Cascais e que, assim, arrasta peles e diamantes pelo país inteiro, em que podemos passar a tarde a jogar pc ou a descobrir as teorias da conspiração que existem, aos montes, na internet. Até parece divertido... não?
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