Estou a escrever a partir de um portátil que não é meu, usando uma rede sem fios que não é minha. Maravilha dos tempos modernos, a internet é a forma mais fácil de pedir emprestadado. Dezenas de redes desprotegidas convidam-me a ligar-me à internet a partir delas. Ora e como quem é bem educado não recusa assim convites, cá estou eu, graças a um vizinho qualquer, a escrever do meu quartinho para o mundo.
Tinha saudades de um portátil. O meu andava revoltado, cuspiu duas teclas, foi para a marca para aprender a ser mais subserviente. Mas, confesso, a sua atitude de menino rebelde conquistou-me. Olhei-o com severidade, arqueei a sobrancelha com ar zangado, mas por dentro alegrava-me saber que o meu portátil tem personalidade. Levava porrada nas teclas todos os dias, até que chegou a hora que se cansou, e, sem ai nem ui, cuspiu-me duas teclas para eu aprender.
E o que me traz aqui para escrever hoje senão o prazer de usufruir da net do vizinho? Pouco. Ando melancólica com o fim do Verão, sempre que começo a escrever sinto um apertozinho no coração, porque sei que está perto, tão perto, a hora de dizer adeus à minha estação mágica. Valeu por todos os momentos, pelo sol na barriga, pelos vidros abertos e o cabelo esvoaçante, pelo sabor a sal no regresso a casa, pelos chinelos à noite, pelo tereré feito num impulso nuns hippies demasiado novos para o poderem ser de facto, pelas noites em alerta à espera de estrelas, cometas e Marte, pela "Sangria da Alegria" que teve até direito a hino, pelos pés do lado de fora do carro, pelas canções que se tornaram promessas inocentes ("Jura que não vais ter uma...." :P), por todos os sítios e acima de tudo por todas as PESSOAS que tornaram este Verão um hino à vida, à alegria e à amizade.
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