Eu existo da minha maneira estranha. Existo com o mau humor de manhã, com a pasta dos dentes que me enche a boca, com os ganchos que insistem em sair do lugar.
Existo no carro, na estrada fria, no fumo inquieto de motores em fúria. Existo com a mala ao lado, meia cheia, o optimismo congelado para usar na altura certa.
Existo na sala, calada e dormente, o espírito perdido em montanhas distantes, a mão que vagueia em apontamentos ouvidos mas não apreendidos.
Existo no regresso, doce regresso, na casa que me espera, familiar e minha, as minhas coisas nos cantos que conheço de cor, as pantufas à porta para me receber.
Existo na noite, na minha almofada, na forma na cama que tem o meu ser, no lençol de algodão dobrado à pressa, no cheiro do champô que passeia por ali.
E fora daqui, o que é feito de mim?
1 comment:
Existes em toda gente que pensa em ti...
(portanto agora, neste preciso momento, estás, ainda que não o saibas, a existir em São Paulo, a uma altura de 25 andares, 21.18 hora local)
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